Osteoporose: é possível prevenir!

data de publicação19 Outubro 2021 artigo revisto por
Susana Fernandes  |  Reumatologista

A osteoporose é uma doença caracterizada pela diminuição da densidade mineral óssea. Esta é uma patologia intimamente ligada às chamadas fraturas de fragilidade, resultantes de pequenas quedas ou traumatismos que estão associados à dor crónica, perda de autonomia, depressão e a uma maior taxa de mortalidade.

Existem fatores de risco que são inevitáveis: a idade, a menopausa, a medicação contínua com corticoides ou ainda outras comorbilidades reumáticas como a artrite reumatoide e patologias endocrinológicas da tiroide e diabetes tipo 2. No entanto, existem fatores de risco que podem ser evitados. Vejamos como se processa a diminuição da massa óssea ao longo das várias fases da vida e como a adoção de hábitos saudáveis e a mudança de comportamentos podem ajudar a prevenir a osteoporose.
 

Massa óssea: ascensão e declínio

Os ossos são uma estrutura do corpo cujas células estão constantemente a formar-se e a serem reabsorvidas pelo organismo. O pico da massa óssea ocorre por volta dos 30 anos, estabilizando nos 10 anos seguintes. No entanto, a partir de determinada idade, esse equilíbrio quebra-se e dá-se uma perda residual da massa óssea. Essa perda é mais acentuada nas mulheres em consequência do decréscimo de estrogénio que se verifica após a menopausa. Aliás, o Estudo Epidemiológico das Doenças Reumáticas em Portugal refere que 17% das mulheres portuguesas tem osteoporose (enquanto que apenas 2,6% dos homens sofre desta condição), o que equivale a mais de 850 mil mulheres.
 

Doença silenciosa

Não existem sinais ou sintomas que indiquem haver osteoporose. A grande maioria dos casos é diagnosticada aquando da ocorrência de uma fratura de fragilidade, cujas formas mais comuns são a fratura do colo do fémur, fratura vertebral ou do punho.

O diagnóstico é feito através da avaliação clínica, onde se podem identificar sinais como um historial familiar de osteoporose ou a ocorrência prévia de uma fratura de fragilidade. No entanto, o exame de referência para a osteoporose é a desintometria óssea, exame que mede a densidade mineral óssea (DMO). A osteoporose corresponde a um valor T-Score inferior a 2,5, ainda que valores de DMO acima desta referência pode já ser indicativo da doença. É fundamental avaliar os fatores de risco não modificáveis, mas também os que se podem modificar de modo a travar a progressão da doença e prevenir a instalação da osteoporose.

 

Osteoporose: como prevenir?

Apesar da osteoporose acontecer em idades mais avançadas, a prevenção da doença deve começar na infância. O objetivo é garantir à criança condições ótimas, através de hábitos saudáveis que contemplem uma alimentação equilibrada e exercício físico regular, de forma a permitir otimizar o pico de massa óssea ao longo dos anos e até à idade adulta.

Mais tarde, e à medida que nos aproximamos da idade em que o pico de massa óssea é atingido, devem adotar-se determinados comportamentos que, no futuro, podem ajudar a prevenir a osteoporose. Destaca-se que estas medidas são ainda mais importantes para as mulheres ou para quem tem um historial familiar de osteoporose.

Assim, entre as principais medidas preventivas destaca-se:

  • Prática regular de exercício físico

    As caminhadas, corrida, exercícios aeróbicos ou com pesos estão associados a um aumento da densidade mineral óssea e à diminuição do risco de fraturas. No entanto, devem ser aconselhados por um médico especialista sobretudo em pessoas mais velhas que podem estar já fragilizadas.
     
  • Adoção de dieta equilibrada

    É uma recomendação transversal a inúmeras patologias. No entanto, para prevenir a osteoporose, torna-se muito importante reforçar o aporte de cálcio através da ingestão de leite e dele derivados, mas também de verduras como os brócolos ou espinafres, sementes de linhaça, grão-de-bico ou peixes como a sardinha.
     
  • Exposição solar diária

    A exposição solar, da face, braços e mãos, 15 a 20 minutos diários, sem proteção solar, ajudam a estimular a produção de vitamina D, essencial para a absorção de cálcio pelos intestinos e uma correta mineralização dos ossos. Os níveis desta vitamina devem ser avaliados e corrigidos com um aumento da exposição solar e/ou através de suplementos, caso seja necessário.
     
  • Cessação tabágica e consumo moderado de álcool

    O tabaco inibe a absorção de cálcio pelo organismo, enquanto que o consumo excessivo de álcool, além de poder conduzir a quedas, acelera a perda de massa óssea.
     
  • Avaliação e prevenção do risco de quedas

    Esta é uma das medidas mais importantes que urge ser implementada, principalmente na população idosa. É importante remover obstáculos como tapetes ou fios elétricos, iluminar adequadamente as divisões, utilizar calçado adequado com sola de borracha, evitar a medicação sedativa, corrigir perturbações da visão ou audição.

 

Marque a sua consulta de Reumatologia

A osteoporose é uma doença cujas consequências são possíveis de prevenir, não só através de comportamentos saudáveis, mas também mediante uma consulta de Reumatologia. Assim, o rastreio da osteoporose está especialmente indicado para pessoas que:

  1. Tenham tido uma fratura prévia, nomeadamente de baixo impacto do colo do fémur, vértebras ou punho/úmero

  2. Estejam diagnosticadas com doenças reumatológicas como artrite reumatoide, lúpus, espondilite anquilosante ou artrite psoriátrica
     
  3. Tenham doenças endocrinológicas como a Diabetes mellitus, hipotiroidismo ou hipertiroidismo
     
  4. Tenham doenças do foro gastrointestinal que alterem a normal absorção intestinal como doença celíaca, doença de Crohn ou colite ulcerosa
     
  5. Tenham historial familiar da doença de osteoporose ou exame de densitometria óssea com T-Score inferior a 2,5
     
  6. Estejam medicados com corticoides, imunossupressores ou terapia da reposição hormonal da tiroide.
     

Se se inclui em algum destes casos, marque a sua Consulta de Reumatologia para ter acesso a um diagnóstico especializado que o poderão ajudar a viver melhor com a osteoporose.

Artigo revisto por

Susana Fernandes

Reumatologista