O novo confinamento e o aumento da ansiedade

data de publicação01 Fevereiro 2021 autor do artigo
Joana Sousa Teles  |  Psicóloga

A ansiedade provocada pelo novo confinamento, pelas constantes notícias sobre o número de infetados e mortos, assim como o medo e o desconhecimento sobre o futuro próximo são repercussões expectáveis do impacto da pandemia na saúde mental. Nesse sentido é importante reconhecer estes fatores de stress e ansiedade de modo a acionar estratégias proteção da saúde mental.

O que é uma crise de ansiedade?

A ansiedade é uma resposta natural do corpo a um possível perigo ou ameaça. Trata-se de um mecanismo necessário cujo principal objetivo é o de proteger o nosso organismo.
Assim, perante uma possível situação de risco, o cérebro envia uma mensagem ao sistema nervoso autónomo. Este é constituído pelo Sistema Nervoso Simpático (SNS) e Sistema Nervoso Parassimpático (SNP), responsáveis por controlar os nossos níveis de energia, de modo a estarmos preparados para a ação necessária.

O que é que acontece ao meu corpo?

Perante a necessidade de proteção do organismo e resposta à situação de perigo é libertada adrenalina na corrente sanguínea. Assim, esta descarga aumenta o ritmo cardíaco e, consequentemente, o fluxo de sangue e oxigénio. Por outro lado, o sangue é desviado para as zonas onde é mais necessário, provocando uma diminuição na quantidade de sangue nas extremidades (mãos e pés), o que provoca uma sensação de dormência, tremores e frio.
Concomitantemente, a respiração torna-se mais rápida (hiperventilação), originando sensação de falta de ar, dor no peito, tonturas, confusão mental, alheamento e visão turva. Este incremento da atividade corporal leva também ao aumento de suor, assim como a uma sensação de calor imediato.
Finalmente, o SNP é ativado e liberta noradrenalina, hormona que vai contrariar o excesso de adrenalina na corrente sanguínea, produzindo uma sensação de relaxamento.

O que posso fazer para me sentir melhor?

A primeira coisa a fazer é aceitar a ansiedade. É normal sentirmos medo por nós, pelos nossos e pelos outros. Observe como se sente e identifique os seus pensamentos. Muitas vezes, tendemos a associar automaticamente sentimentos como a ansiedade a pensamentos negativos que, por si, aumentam ainda mais os sentimentos negativos.
A única coisa que está no nosso controlo é a forma como nos comportamos perante a ameaça. Pense que ao adotar os comportamentos de proteção aconselhados pela Organização Mundial da Saúde, como desinfetar e lavar várias vezes as mãos, usar a máscara, manter o distanciamento, entre outras recomendações, estará a fazer a parte que lhe compete e a proteger-se a si e aos outros.
Por outro lado, nada é para sempre. Um dia também isto passará. Você é resiliente. Todos já passámos por situações difíceis na vida e também seremos capazes de ultrapassar esta fase.

Conselhos práticos

Experimente aplicar técnicas de controlo de respiração. Esta técnica é rápida e fácil de executar: inspire lentamente pelo nariz e conte até 5; sustenha a respiração por 2 segundos e depois expire lentamente pela boca contando até 7.
Torne-se também mais consciente e presente. Nesse sentido, preste atenção às sensações corporais, aos seus sentimentos e pensamentos. E porque está tudo ligado, é importante também continuar a praticar exercício físico diariamente, assim como manter uma alimentação saudável e equilibrada.
Por outro lado, mesmo que todos vivamos numa sociedade global em plena pandemia, é importante que tente mudar o foco. Veja apenas uma vez por dia as notícias e seja seletivo na escolha de informação.
Finalmente, fale todos os dias com alguém próximo. Falar ajuda a pormos as coisas em perspetiva, a sentirmos que não estamos sozinhos e a ficarmos mais aliviados e tranquilos.

Se precisar de ajuda, estamos aqui para si

A ansiedade é natural, mas quando interfere com o nosso dia-a-dia, pode tornar-se num problema. Se o seu sentimento de ansiedade for excessivo, se se prolongar no tempo, ao ponto de o deixar sobrecarregado ou desgastado, procure um psicólogo.
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Joana Sousa Teles

Psicóloga