Vitiligo: conheça as terapias que podem travar a progressão da doença

data de publicação25 Junho 2021 autor do artigo
Fernanda Millan  |  Dermatologista

O Vitiligo é uma patologia da pele que resulta da perda de células produtoras de melanina (melanócitos) presentes na camada superficial da mesma.

Localiza-se frequentemente em zonas expostas como a face (pálpebras e comissuras labiais) e nas mãos, o que pode levar a uma diminuição da autoestima do doente.


Causas do Vitiligo

As causas para esta doença ainda não são totalmente conhecidas, mas a hipótese mais consensual é a da automunidade, uma vez que 15% a 25% das pessoas com Vitiligo têm associada outra patologia autoimune (hipertiroidismo, artrite reumatoide, diabetes tipo 1, psoríase…), enquanto que 10% dos doentes têm anticorpos contra melanócitos.

Por outro lado, parece haver uma predisposição genética, uma vez que cerca de 30% das pessoas com Vitiligo tem historial familiar da doença.


Quem afeta?

Afeta 1% a 2% da população mundial, na maioria dos casos adultos jovens, independentemente do sexo e do fototipo (tipo de pele).


Evolução da doença

O desenvolvimento do Vitiligo é imprevisível, sendo diferente de caso para caso e ao longo do tempo. No entanto, são raros os casos de uma progressão súbita da doença.


Diagnóstico

O diagnóstico é essencialmente clínico, podendo ser auxiliado pela luz de Wood (lâmpada de UV de baixo comprimento de onda), e confirmado por biópsia cutânea (recolha de amostra do tecido alterado da pele) que evidencia a ausência de melanócitos.


Cuidados a ter

A proteção solar é indispensável para impedir as queimaduras solares nas zonas despigmentadas, assim como essencial para prevenir, a longo prazo, o cancro da pele. Além disso, e em fototipos da pele mais claros, o protetor solar impede que haja grande contraste entre as zonas despigmentadas e o resto da pele.


Tratamentos para o vitiligo

Não existe cura para o Vitiligo. Atualmente, existem várias abordagens terapêuticas que visam evitar a progressão da doença assim como induzir a repigmentação cutânea. Estes tratamentos devem ser individualizados e ter em consideração a localização e a atividade da doença.

• Corticoides tópicos

São considerados a primeira linha de tratamento e consistem em cremes aplicados sobre as manchas despigmentadas para atrasar ou estabilizar a progressão da doença.

• Inibidores de calcineurina

São uma alternativa com menos efeitos secundários do que os corticoides tópicos. O tacrolimus e o pimecrolimus em uso tópico têm também o objetivo de parar a progressão da doença.

• Corticoides sistémicos

Estes fármacos são utilizados para supressão da resposta imunitária e estabilização da doença.

• Vitamina D

O sol é a principal fonte desta vitamina. No entanto, esta não é a melhor forma das pessoas com Vitiligo obterem vitamina D. Em suplemento, o maior aporte de vitamina D ajuda a fortalecer o sistema imunitário, assim como a estimular a produção de melanina. A vitamina D em suplemento é muitas vezes utilizada em conjunto com fototerapia e corticoides tópicos.

• Fotoquimioterapia (PUVA)

A exposição a radiação ultravioleta (UVA e UVB) pode ajudar a inibir a destruição das células produtoras de melanina. Por outro lado, pode ainda estimular não só o aumento de melanócitos, como também promover a sua migração de zonas da pele não afetadas para áreas despigmentadas. O método mais comum denomina-se PUVA. Este envolve a toma de fármacos denominados psoralenos (em comprimidos ou cremes tópicos), combinado com luz UVA, podendo também incluir a própria exposição à luz do sol.

• Fototerapia (UVB)

A utilização de radiação UVB de banda estreita é considerada a primeira escolha no tratamento para o Vitiligo generalizado. Além deste tratamento existe também uma técnica de microfototerapia com UVB, que consiste num feixe direcionado de radiação UVB às áreas afetadas pelo Vitiligo.

• Camuflagem

Consiste numa panóplia de cremes, bases, sprays e autobronzeadores que têm como objetivo esconder as manchas provocadas pelo Vitiligo. Nesta categoria incluem-se ainda técnicas como a micropigmentação e tatuagem, apesar destas serem desaconselhadas a quem tenha Vitiligo devido ao fenómeno de Koebner (proliferação das manchas a zonas circundantes das despigmentadas devido a trauma, pressão ou fricção).

 

Existem ainda outras abordagens terapêuticas, como por exemplo o laser ou cirurgia, que podem ser indicadas para alguns casos. No entanto, estes tratamentos têm uma aplicabilidade limitada em muitos casos de Vitiligo.
 

Procure um Dermatologista, inicie a sua terapia

Apesar de existirem inúmeras terapias, na maioria dos casos a conjugação de tratamentos permite obter resultados animadores para muitas pessoas. O seu médico Dermatologista pode ajudá-lo na elaboração de uma estratégia terapêutica mais adaptada ao seu Vitiligo.
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Autor do artigo

Fernanda Millan

Dermatologista