Psoríase: quando o diagnóstico faz a diferença

data de atualização28 outubro 2024 artigo revisto por
Dr. Arnaldo Valente  |  Dermatologista

A Psoríase é uma doença inflamatória que afeta principalmente a pele. Trata-se de uma doença crónica e multissistémica, ou seja, não tem cura e pode afetar várias zonas e órgãos do corpo, mas tem tratamento. Além dos sintomas físicos, a psoríase pode ter um grande impacto sobre a qualidade de vida.
 

​Como e quando a Psoríase pode surgir
A apresentação é muito característica, manifestando-se por manchas circulares bem delimitadas, cor vermelho vivo e escamas espessas, pouco aderentes, esbranquiçadas ou prateadas. Afeta principalmente zonas do couro cabeludo, cotovelos, joelhos e região lombossagrada (parte inferior das costas).

No entanto, nos casos mais graves pode alastrar-se a áreas mais vastas do corpo. Ao longo do tempo, os sintomas da doença podem desaparecer e voltar a reaparecer, assumindo, por vezes, tipos diferentes de Psoríase.

A Psoríase pode aparecer em qualquer idade, mas é mais frequente surgir entre os jovens adultos. A intensidade da Psoríase é variável, não sendo possível prever a evolução da doença.

As causas da sua manifestação são multifatoriais:

  • predisposição genética: a Psoríase é muito comum entre elementos da mesma família;
  • ​localização geográfica: quanto mais longe do equador, maior a prevalência;
  • ​ocorrência de outras doenças e fatores de risco: consumo de bebidas alcoólicas, infeções virais, alguns fármacos, stress ou ansiedade.
​A Associação Portuguesa de Psoríase calcula que haja cerca de 250 mil pessoas em Portugal com a doença. Destas, uma em cada três pode desenvolver artrite psoriática, complicação do foro da Reumatologia que afeta as articulações.

Tipos de Psoríase
Existem vários tipos de Psoríase, que afetam determinadas zonas do corpo e com diferentes gravidades. Entre as mais comuns destacam-se:


Psoríase em placas

Também conhecida como Psoríase vulgar, é o tipo mais frequente, afetando cerca de 80% das pessoas com a doença. Caracteriza-se pelo aparecimento de placas rosadas ou avermelhadas cobertas por escamas brancas ou acinzentadas, que podem causar prurido (comichão). Localizam-se frequentemente nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo. Porém, podem afetar qualquer zona do corpo.

Psoríase artropática

Caracteriza-se por inflamação de uma ou mais articulações (artrite). Este tipo de Psoríase provoca dor e pode interferir com os movimentos, por vezes de modo irreversível. Afeta cerca de 10% a 30% dos doentes com Psoríase.

Psoríase ungueal

Afeta as unhas dos pés e mãos. Tipicamente observa-se uma espécie de ponteado da unha como se tivesse sido picada por uma agulha. Pode também verificar-se espessamento da unha, manchas amareladas ou acastanhadas e descolamento distal da unha.

Outras formas, mais raras, são:
  • Psoríase gutata: pequenas manchas dispersas pelo corpo como gotas na pele. Esta forma surge mais frequentemente em crianças, na sequência de uma infeção.
  • Psoríase pustulosa: pode ocorrer na forma palmo-plantar ou na forma generalizada. As lesões são circulares e de conteúdo purulento.
  • Psoríase eritrodérmica: forma grave e rara de Psoríase que afeta quase todo o corpo. Coloca em risco a função de barreira da pele, aumentando o risco de infeções, de perda de eletrólitos e água e de incapacidade de termorregulação.
  • Psoríase inversa: surge normalmente nas axilas, virilhas e por baixo do peito. As lesões são vermelhas e sem escama evidente. Por terem um aspeto menos característico, a Psoríase inversa pode ser de difícil diagnóstico. 

​O que fazer se tiver suspeitas de Psoríase
Deverá procurar um primeiro diagnóstico junto de um médico dermatologista, que irá fazer uma análise clínica da pele e unhas. É importante que esta primeira observação seja realizada por este tipo de especialista de modo a despistar outras doenças cutâneas, como o eczema, cuja aparência pode ser confundida. Alguns casos podem ter de recorrer a uma biópsia à pele.

Terapêuticas para controlar a Psoríase
Apesar de não ter cura, os tratamentos permitem resultados muito benéficos para a maioria dos doentes. O intuito é diminuir a inflamação e reduzir a proliferação das células da pele. A escolha do tratamento terá em consideração não só a especificidade do caso e tipo de Psoríase, mas também a existência de outras doenças associadas, como a diabetes, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, além de outras condicionantes próprias da pessoa. Entre os tratamentos mais comuns incluem-se:


Tratamentos tópicos

Corticosteroides, em associação a análogos da vitamina D.

Fototerapia

Consiste em sessões regulares de exposição da pele à luz ultravioleta com radiação UVB e UVA com aplicação de psoraleno sensível à radiação UVA. Por outro lado, também a exposição ao sol pode trazer melhorias no tratamento da Psoríase. Deve-se, no entanto, evitar exposições prolongadas.

Medicamentos sistémicos

São aplicados no controlo de casos intensos ou moderados da doença. Podem ter efeitos secundários e devem ser utilizados de acordo com as indicações específicas do Dermatologista.

Medicamentos biotecnológicos

São novas terapias que utilizam agentes biológicos imunomoduladores, ou seja, inibem a ação das substâncias envolvidas na inflamação. Podem ser muito eficazes e são bastante seguros, além de permitirem um tratamento a longo prazo sem interação medicamentosa.

Procurar ajuda médica
Se suspeita que pode ter Psoríase, marque uma consulta de Dermatologia. O diagnóstico atempado por um especialista é fundamental para minimizar os sintomas da doença e viver com maior qualidade de vida.

Artigo revisto por

Arnaldo Valente

Dermatologista

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