Psoríase: quando o diagnóstico faz a diferença

data de publicação28 Dezembro 2020

A psoríase é uma doença inflamatória que afeta principalmente a pele. Trata-se de uma doença crónica e multissistémica, ou seja, não tem cura e pode afetar várias zonas e órgãos do corpo. Além dos sintomas físicos, a psoríase pode ter um grande impacto sobre a qualidade de vida.
 

Como se manifesta

A apresentação é muito característica, manifestando-se por manchas circulares bem delimitadas, cor vermelho vivo e escamas espessas, pouco aderentes, esbranquiçadas ou prateadas. Afeta principalmente zonas do couro cabeludo, cotovelos, joelhos e região lombossagrada (costas). No entanto, nos casos mais graves pode alastrar-se a áreas mais vastas do corpo. Ao longo do tempo, os sintomas da doença podem desaparecer e voltar a reaparecer, assumindo, por vezes, tipos diferentes de psoríase.
 

Quem afeta e causas

Pode aparecer em qualquer idade, mas é mais frequente surgir entre os jovens adultos. A intensidade da psoríase é variável, não sendo possível prever a evolução da doença.

As causas são multifatoriais, ou seja, o seu desenvolvimento depende de vários fatores: predisposição genética (a psoríase é muito comum entre elementos da mesma família), localização geográfica (quanto mais longe do equador, maior a prevalência), ocorrência de outras doenças e fatores de risco (consumo de bebidas alcoólicas, infeções virais, alguns fármacos, stress ou ansiedade).

A Associação Portuguesa de Psoríase calcula que haja cerca de 250 mil pessoas em Portugal com a doença. Destas, uma em cada três pode vir a desenvolver artrite psoriática, complicação do foro da Reumatologia que afeta as articulações.
 

Tipos de psoríase

Existem vários tipos de psoríase, que afetam determinadas zonas do corpo e com diferentes gravidades. Entre as mais comuns destacam-se:

Psoríase em placas

Também conhecida como psoríase vulgar, é o tipo mais frequente, afetando cerca de 80% das pessoas com a doença. Caracteriza-se pelo aparecimento de placas rosadas ou avermelhadas cobertas por escamas brancas ou acinzentadas, que podem causar prurido (comichão). Localizam-se frequentemente nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo. Porém, podem afetar qualquer zona do corpo.

Psoríase artropática

Caracteriza-se por inflamação de uma ou mais articulações (artrite). Este tipo de psoríase provoca dor e pode interferir com os movimentos, por vezes de modo irreversível. Afeta cerca de 10% a 30% dos doentes com psoríase.

Psoríase ungueal

Afeta as unhas dos pés e mãos. Tipicamente observa-se uma espécie de ponteado da unha como se tivesse sido picada por uma agulha. Pode também verificar-se espessamento da unha, manchas amareladas ou acastanhadas e descolamento distal da unha.

Outras formas, mais raras, são:

  • Psoríase gutata: pequenas manchas dispersas pelo corpo como gotas na pele. Esta forma surge mais frequentemente em crianças, na sequência de uma infeção.
  • Psoríase pustulosa: A psoríase pustulosa pode ocorrer na forma palmo-plantar ou na forma generalizada. As lesões são circulares e de conteúdo purulento.
  • Psoríase eritrodérmica: forma grave e rara de psoríase que afeta quase todo o corpo. Coloca em risco a função de barreira da pele, aumentando o risco de infecções, de perda de electrólitos e água e de incapacidade de termorregulação.
  • Psoríase inversa: surge normalmente nas axilas, virilhas e por baixo do peito. As lesões são vermelhas e sem escama evidente. Por terem um aspeto menos característico, a psoríase inversa pode ser de difícil diagnóstico. 
     
Diagnóstico

O diagnóstico deve ser feito através da observação clínica da pele e unhas por um Dermatologista. É importante ser realizado por um especialista de modo a despistar outras doenças cutâneas, como o eczema, cuja aparência pode ser confundida. Alguns casos podem ter de recorrer a uma biopsia à pele.
 

Terapêuticas para controlar a doença

Apesar de não ter cura, os tratamentos permitem resultados muito benéficos para a maioria dos doentes. O intuito é diminuir a inflamação e reduzir a proliferação das células da pele. A escolha do tratamento terá em consideração não só a especificidade do caso e tipo de psoríase, mas também a existência de outras doenças associadas, como a diabetes, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, além de outras condicionantes próprias da pessoa. Entre os tratamentos mais comuns incluem-se:

Tratamentos tópicos

Corticosteroides, em associação a análogos da vitamina D.

Fototerapia

Consiste em sessões regulares de exposição da pele à luz ultravioleta com radiação UVB e UVA com aplicação de psoraleno sensível à radiação UVA. Por outro lado, também a exposição ao sol pode trazer melhorias no tratamento da psoríase. Deve-se, no entanto, evitar exposições prolongadas.

Medicamentos sistémicos

São aplicados no controlo de casos intensos ou moderados da doença. Podem ter efeitos secundários e devem ser utilizados de acordo com as indicações específicas do Dermatologista.

Medicamentos biotecnológicos

São novas terapias que utilizam agentes biológicos imunomoduladores, ou seja, inibem a ação das substâncias envolvidas na inflamação. Podem ser muito eficazes e são bastante seguros, além de permitirem um tratamento a longo prazo sem interação medicamentosa.
 

Marque uma consulta

Se suspeita que tenha psoríase marque uma consulta de Dermatologia da Cintramédica. O diagnóstico atempado por um especialista é fundamental para minimizar os sintomas da doença e viver com maior qualidade de vida.

Disponível de segunda-feira a sábado na clínica Cintramédica de Sintra e também por videoconsulta.
 

Referências bibliográficas: