Como gerir a ansiedade depois de deixar de fumar

data de publicação17 Novembro 2020 autor do artigo
Mónica Grafino  |  Pneumologista
Deixar de fumar, para a maioria dos fumadores, é uma espécie de salto no desconhecido. Dar o primeiro passo para deixar de fumar é um “passo de gigante” para uma vida com mais saúde e melhor qualidade de vida. No entanto, só quem nunca tentou é que desconhece a dificuldade. Até porque, além da questão psicológica, há que ter em consideração os efeitos aditivos da nicotina.

Hoje, a grande maioria dos fumadores sabe que fumar é prejudicial à saúde. Mas o que o conhecimento científico já ensinou ao “senso comum” quase que fica por aí. Por exemplo, muitos fumadores continuam a pensar que o cigarro acalma em momentos de maior stress. No entanto, é precisamente o contrário.
 
Tabaco e Ansiedade
Fumar um cigarro traz uma falsa sensação de calma. A nicotina estimula o cérebro a libertar dopamina e serotonina, hormonas responsáveis pela sensação de satisfação e bem-estar. Aliás, esta reação é uma das causas do carácter aditivo do tabaco. Essa sensação cria habituação e o impulso de fumar um cigarro. Quanto mais tempo passa entre o último cigarro, mais cresce a ansiedade, conduzindo à irritabilidade. Completa-se aqui o “ciclo vicioso” de “fumar mais um cigarro para acalmar o stress”.
 
Saúde mental e tabagismo
Deixar de fumar é uma vitória para qualquer fumador. Com benefícios diretos para o organismo e, também, para a saúde mental. De acordo com o site do Serviço Nacional de Saúde britânico, ao deixar de fumar:
  • Reduzem-se os níveis de ansiedade, depressão e stress
  • Melhora-se o humor e a qualidade de vida
  • É possível reduzir a dosagem de determinados medicamentos tomados para lidar com doenças mentais
 
O tempo para quem deixa de fumar
Para um fumador, às vezes com um hábito de décadas, deixar de fumar é uma espécie de “salto no desconhecido”. Tendo essa ideia em mente, elaborámos um cronograma da cessação tabágica, para que saiba o que acontece depois de interromper a nicotina no sangue. É importante saber o que esperar e encarar essa (boa) decisão sem falsas expectativas.
  • 30 minutos a 4 horas: os efeitos provocados pela nicotina começam a desvanecer e irá sentir a necessidade de fumar novamente
  • 10 horas: começam a surgir sinais significativos de cansaço. Sente fisicamente a falta da nicotina e pode começar experienciar uma sensação de tristeza
  • 24 horas: irritabilidade evidente e aumento do apetite
  • 2 dias: cefaleias provenientes da ausência de nicotina no organismo
  • 3 dias: a nicotina já deve ter deixado o seu organismo e os desejos começam a diminuir, mas a ansiedade poderá continuar a aumentar
  • 2 a 4 semanas: os níveis de energia continuam baixos, mas a capacidade de concentração aumenta e o apetite volta ao normal. As sensações de depressão e ansiedade também são cada vez menos significativas
  • 5 semanas e em diante, para uma nova vida: a parte pior já passou, mantenha-se forte e convicto de que está a fazer o melhor pela sua saúde.
Deixar de fumar será um processo que beneficiará não só a si, mas também a quem o rodeia.
 
Dicas para gerir a ansiedade
Pedir ajuda para deixar de fumar é uma boa ideia. Muitos ex-fumadores encontraram nos conselhos do especialista as recomendações decisivas para conseguir deixar de fumar definitivamente. Além disso, pode sempre optar por estratégias que apoiem a sua decisão e força de vontade interior. Neste momento de grande mudança, pode ser aconselhável:
  • Falar com amigos ou familiares sobre o que está a sentir
  • Perguntar ao médico especialista qual o tratamento de substituição de nicotina mais adequado
  • Procurar acompanhamento psicológico
  • Evitar comportamentos que possam estar associados ao hábito de fumar (beber café ou bebidas alcoólicas, por exemplo)
  • Focar-se nos motivos que o levaram a deixar de fumar
  • Praticar exercício físico e respiratório para aumentar o autocontrolo, relaxar e libertar endorfinas, hormonas que lhe dão uma sensação de bem-estar.

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Referências bibliográficas:

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Mónica Grafino

Pneumologista