O que é a Epilepsia?

data de publicação07 fevereiro 2025 artigo revisto por
Dra. Joana Bonifácio Vítor  |  Neurologista
A Epilepsia é uma doença neurológica crónica que pode afetar pessoas de qualquer idade. Esta doença caracteriza-se por uma atividade elétrica anormal no cérebro, que se pode manifestar através de variados sintomas, desde breves lapsos de atenção até espasmos musculares severos. A Epilepsia pode ter um impacto significativo na qualidade de vida, mas muitos casos podem ser geridos de forma eficaz se tiverem o tratamento adequado.
Causas e sintomas da Epilepsia
Segundo a International League Against Epilepsy (ILAE), a Epilepsia é uma doença cerebral que pode ser diagnosticada perante dois cenários: 2 ataques epilépticos num intervalo superior a 24 horas, ou 1 ataque epilético com elevada probabilidade de se repetir.

As causas da Epilepsia podem ser:
 
  • Genéticas. Alterações nos genes que afetam o funcionamento dos neurónios
  • Estruturais. Resultantes de traumas, infeções, tumores ou outras condições
  • Metabólicas. Desequilíbrios no metabolismo que interferem na função do cérebro
  • Fatores desconhecidos. Em muitos casos, pode não ser identificada
     
Dependendo do caso, pode manifestar-se em diferentes níveis cujos sintomas são:
 
  • Movimentos incontroláveis dos braços e das pernas
  • Perturbação ou perda de consciência
  • Sensações corporais como formigueiro ou alterações visuais
Diagnóstico e tratamento
Diagnosticar a Epilepsia passa por avaliar a história clínica antes da realização de alguns exames – como a Ressonância Magnética (RM) ou o Eletroencefalograma (EEG) – que podem identificar a origem da doença e o tipo de crises neurológicas.

O tratamento tem de ser pensado consoante cada caso, com o objetivo de controlar as crises e melhorar a qualidade de vida da pessoa diagnosticada através de:
 
  • Medicamentos antiepiléticos. Controlam a maioria dos casos
     
  • Cirurgia. Este procedimento pode ser necessário quando a doença não responde à medicação 
     
  • Dieta cetogénica e outras terapias. Eliminar a ingestão de hidratos como o pão e o arroz, reduzir o consumo de proteínas e apostar no elevado consumo de gorduras saudáveis pode ser útil em casos específicos
 
A prevenção da Epilepsia passa também por ter atenção a situações na rotina diária, nomeadamente: stress, ansiedade, consumo excessivo de álcool, tabaco, alterações no ciclo do sono, cansaço, alterações na medicação em curso, estímulos visuais muito intensos (luzes brilhantes, televisão, vídeo, computador) ou alterações hormonais no caso das mulheres.
A Epilepsia tem cura?

A Epilepsia não tem uma cura definitiva para todos os casos, mas é possível alcançar um controlo completo ou significativo das crises em muitas situações. A causa subjacente da Epilepsia, o tipo de crises e a idade do paciente são variáveis a ter em conta para o tratamento da doença. É crucial que as pessoas com Epilepsia mantenham um acompanhamento regular com um Médico Neurologista.

Trata-se de uma condição neurológica complexa, mas controlável. Com os cuidados adequados, muitas pessoas podem ter uma vida normal e produtiva. O conhecimento e compreensão acerca desta doença são fundamentais para promover a inclusão e a qualidade de vida das pessoas nesta condição.

De acordo com a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia, estima-se que pode haver entre 40 mil a 70 mil pessoas com esta doença no país. Anualmente, surgem cerca de 50 novos casos de Epilepsia por cada 100 mil habitantes.

Artigo revisto por

Joana Bonifácio Vítor

Neurologista

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