As dislipidemias são todas as anomalias quantitativas ou qualitativas dos lípidos (gorduras) no sangue. Os lípidos são uma componente importante do organismo pois permitem o normal funcionamento das células e são uma fonte de energia.
No sangue humano existem essencialmente dois tipos de lípidos: o colesterol e os triglicéridos. Habitualmente as dislipidemias podem manifestar-se através do aumento dos triglicéridos, do colesterol, da combinação de ambos ou ainda por uma redução dos níveis de HDL, o chamado "bom" colesterol. A existência deste tipo de anomalia afeta a qualidade global do sangue e contribui para o espessamento e rigidez das artérias.
Tratando-se de uma doença que não apresenta sintomas durante muitos anos, pode mais tarde evoluir para um enfarte de miocárdio ou para um acidente vascular cerebral.
A dislipidemia é um dos principais fatores de risco da aterosclerose, a principal causa de morte dos países desenvolvidos, incluindo Portugal. É por este motivo que qualquer tipo de dislipidemia representa um importante fator de risco cardiovascular, uma vez que a gordura acumulada nas paredes das artérias pode provocar a obstrução parcial ou total do fluxo sanguíneo que chega ao coração e ao cérebro.
Em Portugal, existem 559 novos casos por cada 100.000 habitantes. Incidência que aumenta com a idade até aos 54 anos nos homens e até aos 64 anos nas mulheres.
A dislipidemia pode ter origem genética ou adquirida. Entre os principais fatores que podem provocar a doença destacam-se o álcool, um estilo de vida sedentário, a idade ou o género, mas também o tabaco e a obesidade. Em alguns casos, também o uso de medicamentos como as pílulas contraceptivas, os estrogénios ou os corticosteroides podem aumentar o risco de dislipidemia. A Diabetes Tipo II é outro importante fator de risco desta doença.
O diagnóstico da dislipidemia é feito através de análises ao sangue onde são doseados os níveis de colesterol, triglicéridos, lipoproteínas e outros marcadores, que depois de avaliados devem ser analisados pelo médico.
Normalmente o tratamento depende da idade e do estado global da saúde e da doença, mas essencialmente é feito através da mudança do estilo de vida. O controlo de peso através de uma dieta rica em fibras e pobre em gordura e a prática de exercício físico regular são essenciais no tratamento. Em muitos casos, o tratamento passa pelo uso regular de medicamentos.
Pelo forte índice de mortes associadas à evolução desta doença, é importante existir um controlo constante do estado de saúde, através de visitas regulares ao médico e da realização de exames de diagnóstico.