Stress sob controlo para cuidar do seu coração

data de publicação04 Novembro 2020 autor do artigo
João Silva Marques  |  Cardiologista

O stress crónico é um fator de risco para o aparecimento de doenças cardiovasculares. E é-o em duas medidas. Por um lado, pode conduzir a comportamentos de risco como o excesso de consumo de álcool, cafeína ou o tabagismo. Por outro, e de acordo com um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América, pode ser, em si mesmo, um fator de risco de doenças cardíacas. Nesse sentido, torna-se importante definir o que é o stress crónico de modo a identificar os seus sinais e encontrar estratégias de prevenção que possam mitigar este fator de risco de doenças cardíacas.

 

O que é o stress?

O stress define-se pelo conjunto de processos que provoquem uma alteração do equilíbrio (homeostasia) do organismo. Nesse sentido, o corpo desencadeia uma resposta de modo a adaptar-se às situações e sobreviver. Esta postura é conhecida como “luta ou fuga”. O sistema nervoso central e autónomo são os principais responsáveis na resposta ao stress e dos processos que medeiam o regresso ao estado de equilíbrio. O stress desencadeia um conjunto de processos que se inicia no cérebro, partindo do hipotálamo, depois hipófise e, finalmente, nas glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins. Consequentemente os músculos contraem-se e verifica-se um aumento da frequência respiratória e cardíaca. Esta reação em cadeia provoca a produção de cortisol (um esteroide conhecido como a hormona do stress) ao nível das suprarrenais.

 

O que é demais não presta

O corpo está preparado para lidar com o stress no curto prazo. No entanto, não está equipado para longos períodos neste modo de “luta ou fuga”. Cada pessoa lida com o stress de modo diferente. Mas se um pouco de stress é perfeitamente gerível, demasiado pode ser prejudicial à saúde, conduzindo ao stress crónico. Nesse sentido, quando o stress é excessivo, pode contribuir para o aumento da pressão arterial, desencadear uma crise de asma ou à apresentação de sintomas de síndrome do cólon irritável. Por outro lado, pode também desencadear (ou contribuir para a recaída) de comportamentos de risco como a adição de drogas, o consumo excessivo de álcool e cafeína, ou o tabagismo, comportamentos que podem aumentar a pressão arterial e danificar as artérias. Associado ao stress crónico podem surgir doenças como a depressão ou perturbação da ansiedade.

 

O stress pode causar inflamação nas artérias

Uma investigação da Universidade de Harvard, publicada na revista The Lancet, sugere que o stress contribui para o aparecimento doenças cardiovasculares. Esta pesquisa selecionou um grupo de pessoas sem doença cardíaca ou autoimune, inflamação crónica, e com mais de 30 anos. Foram estudadas imagens da atividade da amígdala cerebral através de tomografia por emissão de positrões com tomografia computadorizada (PET-CT). Nessa observação verificou-se que, perante uma situação de stress, a amígdala cerebral emite sinais para a medula óssea para que sejam produzidos glóbulos brancos extra. Este facto em si provoca inflamação nas artérias, que está implicada na origem de enfarte do miocárdio, angina de peito ou AVC. Este estudo acompanhou estas pessoas ao longo do tempo (3 a 7 anos), tendo-se verificado a ligação entre a atividade da amígdala na resposta ao stress e o aparecimento de doenças cardiovasculares.
Foi a primeira vez que este processo foi demonstrado em humanos.

 

Comportamentos que ajudam o coração

Aprender a gerir o stress é uma boa ideia para a manutenção de uma vida saudável, sobretudo após um evento cardíaco como um enfarte do miocárdio ou um AVC. Estes são momentos que geram compreensível ansiedade e que podem levar a situações de stress crónico que, por sua vez, podem contribuir para um segundo evento cardíaco.
Por isso, torna-se importante implementar uma série de comportamentos saudáveis que são, muitas vezes, idênticos às recomendações para a prevenção das doenças cardiovasculares. Hábitos como:

  • Deixar de fumar
  • Não consumir bebidas alcoólicas em excesso
  • Manter uma alimentação saudável e equilibrada
  • Não consumir demasiados cafés ou bebidas e alimentos com cafeína
  • Controlar o excesso de peso
  • Praticar exercício com regularidade.

Nesta última recomendação, de praticar exercício físico, no que à gestão de stress diz respeito, traz ainda outra vantagem. A atividade física, sobretudo de natureza aeróbica, tem a particularidade de reduzir a adrenalina e o cortisol. Por outro lado, estimula a produção de endorfinas, ou seja, químicos produzidos pelo corpo que elevam o humor.

 

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Referências bibliográficas:

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João Silva Marques

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