Alergias: o que são, o que as provoca e como as pode prevenir

data de publicação08 Julho 2021 autor do artigo
Anna Sokolova  |  Alergologista

Estima-se que cerca de 20% a 30% da população portuguesa tenha pelo menos uma alergia. Existem vários tipos de alergias, mas todas têm em comum uma reação exagerada do sistema imunitário. Vejamos então o que é uma alergia, o mecanismo que a desencadeia e ainda o que distingue as alergias das intolerâncias alimentares.
 

O que é uma alergia?

É uma reação exagerada do organismo à exposição a determinados estímulos do ambiente. Esses estímulos denominam-se alergénios, e podem ser o pó, o pólen, o veneno das abelhas, medicamentos como os antibióticos ou anti-inflamatórios, ou ainda a proteína do leite, por exemplo. Quando é detetada a presença desse elemento ao qual se é alérgico, o sistema imunitário interpreta-o como um “invasor” e desencadeia um processo de inflamação que pode ir desde uma breve irritação na pele até ao potencialmente fatal choque anafilático.
 

IgE: o anticorpo das alergias

As pessoas com alergia produzem o anticorpo IgE para determinadas substâncias (alergénios) inofensivas para a maioria das pessoas. Este anticorpo IgE liga-se a células localizadas na pele e nas mucosas do aparelho respiratório e digestivo (mastócitos) que, assim que entram em contacto com o alergénio, provocam a inflamação e os sintomas típicos de uma alergia. Se a exposição a esse alergénio for constante, falamos de doença alérgica, uma condição que é crónica.
 

Tipos de alergia e tratamentos

Existem vários tipos de alergias, entre as quais as respiratórias são as mais comuns. Entre estas destacam-se a rinite alérgica e a asma brônquica. Atualmente existem medicamentos eficazes que permitem proporcionar à pessoa alérgica a resolução completa das suas queixas. Um dos mais utilizados nas alergias respiratórias é imunoterapia específica ou vacinas antialérgicas. O objetivo é reeducar o sistema imunitário de modo a que não ocorra uma reação exagerada aquando da exposição ao alergénio.

Outro tipo de alergia bastante comum são as alergias alimentares. Em Portugal, os alergénios alimentares mais frequentes são o ovo, leite e peixe. A principal abordagem é evitar consumir o alimento (ou alimentos) aos quais se é alérgico. Por isso é muito importante diagnosticar corretamente a alergia alimentar, não só para prevenir as reações alérgicas, como também para se evitar a privação de um alimento (e dos seus nutrientes) desnecessariamente.

Também as alergias aos medicamentos requerem cuidadosa investigação, de modo a proporcionar o tratamento correto no caso de necessidade clínica. A vacinação anti-COVID-19 levantou ainda a questão do risco da vacinação em pessoas com alergia medicamentosa, situação que deve ser avaliada em cada caso individual.

Finalmente, existem ainda as alergias a:
- Veneno de abelhas ou vespas (himenópteros)
- Látex
- Urticária ao frio, que pode ocorrer depois de atividades aquáticas, ar frio, chuva, neve ou ingestão de bebidas frias ou o contacto com objetos frios.
O tratamento para evitar o choque anafilático destas reações alérgicas é, na maioria dos casos, a administração de adrenalina numa unidade hospitalar ou a autoadministração com uma caneta de adrenalina quando já se está ciente da alergia.
 

Choque anafilático

Um choque anafilático é uma reação alérgica extrema. Os dois sintomas mais frequentes são a urticária e o inchaço da pele e da mucosa, podendo provocar a obstrução da laringe e potencial asfixia. Pode ocorrer também dificuldade respiratória assim como choque circulatório, ou seja, reação que impede o sangue de chegar onde é necessário.

A partir do momento que ocorre uma reação anafilática a pessoa deve procurar uma consulta de Imunoalergologia para perceber, em primeiro lugar, o que terá desencadeado essa reação extrema.

Uma vez identificada a causa da reação anafilática terá de ser facultado o tratamento para iniciar imediatamente ao primeiro sinal de anafilaxia, assim como dar indicações para prevenir e evitar futuros episódios.

Pode ainda dar-se o caso de ser necessário ocorrerem dois ou mais estímulos em simultâneo para acontecer. É uma situação que exige uma investigação rigorosa por parte de um médico Imunoalergologista.

As pessoas com diagnóstico de anafilaxia devem ter sempre na sua posse a medicação necessária para tratar a crise: caneta de adrenalina para autoadministração.
 

Causas da(s) alergia(s)

Existem dois fatores que são potenciais desencadeadores de uma alergia: a predisposição genética da pessoa e o contacto com os alergénios. Isto não quer dizer que todas as pessoas com familiares com alergia venham a ser alérgicos. Mas o contacto constante (exposição ambiental) com determinados alergénios, às vezes inevitável, pode desencadear alergias como a rinite, conjuntivite ou a asma, provocados pelo pólen, ácaros ou o pelo dos animais domésticos.

Por outro lado, uma vez que se tem uma alergia há sempre a possibilidade de se virem a desenvolver outras alergias. Um exemplo clássico acontece quando uma pessoa com uma alergia alimentar a nozes vem a desenvolver uma alergia a outro fruto seco, como a amêndoas, por exemplo. Nesse sentido, é o nosso comportamento e interação com o meio ambiente que podem determinar, quando somos alérgicos, se estamos em risco de vir a desenvolver outras alergias.
 

Alergia ou intolerância alimentar?

É importante distinguir uma alergia alimentar de uma intolerância alimentar. Ambas são reações de hipersensibilidade à exposição a um determinado alimento, mas com origens diferentes.

A intolerância alimentar é desencadeada por mecanismos digestivos, metabólicos ou referentes à própria composição do alimento, enquanto que a alergia alimentar é provocada por uma reação exagerada do sistema imunitário.

Por outro lado, e apesar da intolerância alimentar poder ter um grande impacto na qualidade de vida das pessoas, não é tão grave como uma reação alérgica a um alimento. A intolerância à lactose (açúcar do leite), por exemplo, dá-se pela falta de lactase (enzima que digere a lactose) no intestino que acaba por ser fermentada pelas bactérias presentes nesse órgão, dando origem a sintomas como a distensão do abdómen, náuseas e vómitos, má disposição ou alterações do trânsito intestinal. A gravidade destes sintomas depende da quantidade de lactose ingerida.

Já no caso da alergia ao leite de vaca, esta alergia é relativa às proteínas do leite de vaca e não depende da quantidade de leite que beba. Qualquer contacto provoca uma reação alérgica que pode ser grave. E por contacto entenda-se não só a ingestão, mas também o contacto com a pele, com a mucosa da boca ou pela inalação de vapores de cozedura.
 

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Para quem tem uma alergia é fundamental saber quais são os alergénios a evitar, qual é o tratamento a fazer e quais as medidas de prevenir a crise.

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Anna Sokolova

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