'Chichi na cama' – O que fazer?

data de publicação11 julho 2019

A Enurese Noturna, também conhecida como "chichi na cama", é um sintoma que se refere à perda de urina intermitente durante a noite, mais do que uma vez por semana, numa idade em que o controlo vesical já deveria acontecer. Esta situação é involuntária e é frequente acontecer em crianças em idade escolar, estando geralmente associada ao facto dos mecanismos responsáveis pela concentração e retenção de urina na bexiga durante a noite não estarem totalmente desenvolvidos. Contudo, a partir de determinada idade, pode constituir um problema para a criança e um desafio para os pais, que não deve ser desvalorizado ou minimizado.

A Continência Urinária, ou controlo da bexiga, como é vulgarmente conhecido é adquirido por etapas, inicialmente diurna (aproximadamente aos 4 anos) e só depois noturna (aproximadamente aos 5-6 anos).

A classificação do tipo de Enurese, que pode ser Primária ou Secundária, auxilia no diagnóstico e compreensão da causa, para atuar da melhor forma.

  • Enurese primária - Quando a criança sempre urinou na cama e nunca deixou de o fazer.
  • Enurese secundária - Quando a criança voltou a urinar na cama durante a noite, depois de estar seis meses sem o fazer.

Pode ainda ser classificado relativamente aos sintomas. Se apenas tem perdas de urina durante a noite ou se é acompanhada por outros sintomas como perdas de urina durante o dia ou ardor ao urinar.

Qual a origem?

Fatores psicológicos

Os fatores psicológicos que contribuem para a enurese são mais frequentes na enurese secundária. Habitualmente, as razões que despoletam este problema são eventos marcantes na vida da criança como o nascimento de um irmão, conflitos familiares, abuso infantil, entre outros.

Fatores familiares

Crianças com histórico familiar de enurese têm tendência a apresentar sintomas mais severos e com mais frequência.

Causas Orgânicas

    • Obstipação
    • Dificuldade de controlo do esfíncter anal
    • Diabetes
    • Infecção urinária
    • Doença Renal
O que fazer?

Se o seu filho apresentar enurese deve sempre ser referido ao pediatra que o acompanha, para que sejam avaliados os sintomas e assim optar pelo tratamento mais adequado. Adotar medidas para prevenir a Enurese Noturna e estratégias de adaptação ao problema, irá também diminuir o desconforto da criança e melhorar a rotina dos pais.

Apoiar a criança e nunca culpabilizar

  • O apoio dos pais é fundamental neste processo, explicar à criança que este é um problema temporário e que em conjunto irão descobrir como melhorar a situação. A culpabilização pode agravar o problema e gerar distúrbios de auto-estima na criança;

Reforço positivo

  • Sempre que a criança não molhar a cama, deve sempre ser elogiada

Reduzir a ingestão de líquidos a partir do final da tarde

  • A hidratação é essencial na vida das crianças, no entanto deve ser feita maioritariamente durante o dia para reduzir a necessidade de beber à noite;

Evitar a ingestão de bebidas com cafeína

  • A cafeína contém um efeito diurético que aumenta o risco de Enurese Noturna, e está presente tanto no café como nos refrigerantes, chocolates, chás, entre outros;

Realizar treino da bexiga

  • Incentivar o esvaziamento da bexiga regularmente durante o dia, entre 2 a 3 horas.

Facilitar o acesso à casa de banho durante a noite

  • Iluminando o caminho com uma luz de presença e utilizar um redutor para a sanita, se for indicado;

“Chichi, cama”, incentivar a criança a urinar antes de ir para a cama

  • Uma primeira vez quando se preparam (vestir pijama, lavar os dentes, etc.) e uma segunda vez antes de se deitarem.

Vigiar os hábitos intestinais no sentido de prevenir a obstipação


Se estas medidas não forem suficientes, o profissional de saúde poderá prescrever medicação se assim for indicado, tendo em consideração a causa da Enurese.

Existem também alarmes com sensores de humidade que são colocados na roupa interior da criança e acionados quando a criança urina, para então completar o esvaziamento da bexiga na casa de banho. O objetivo é que a criança fique cada vez mais alerta, ao ponto de já não necessitar do alarme.

​Este é um problema que se pode tornar frustrante para os pais e afetar a vida social da criança. O problema deve ser abordado e trabalhado em conjunto entre a criança, os pais e o profissional de saúde. Caso seja indicado, o acompanhamento e seguimento por parte do profissional de saúde é essencial para prevenir a recorrência da situação.

 

Referências Bibliográficas

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