Tem dificuldade em engravidar? Conheça o exame de Histerossonossalpingografia

A dificuldade em engravidar é um problema que afeta cerca de 15% a 20% dos casais portugueses. Destes, cerca de um terço dos casos referem-se a problemas na mulher. Além da perturbação da ovulação, a obstrução das trompas é uma das causas mais conhecidas. Fique a conhecer a Histerossonossalpingografia (HSSG) um exame especificamente concebido para ajudar ao diagnóstico de obstrução das trompas de Falópio e muito importante para a decisão terapêutica da dificuldade em engravidar.

Dificuldade em engravidar: obstrução das trompas

As trompas de Falópio são responsáveis pelo transporte do óvulo, a partir do ovário, até ao útero. Além disso, é nesta região que se dá o encontro entre os espermatozóides e o óvulo. Se as trompas estiverem danificadas ou bloqueadas, pode ser difícil engravidar espontaneamente. Além de fornecer informações sobre a permeabilidade tubária, a HSSG fornece valiosas informações sobre a cavidade uterina, o endométrio, miométrio e os ovários. Os resultados da HSSG ajudam o médico a diagnosticar a dificuldade em engravidar, assim como a decidir os procedimentos terapêuticos futuros que a mulher possa precisar.

Como funciona a HSSG?

O médico realiza uma observação clínica (exame ginecológico com espéculo) e uma avaliação ecográfica com sonda transvaginal para excluir contraindicações (infeções ou gravidez, por exemplo) à realização do exame.
De seguida, é colocado novamente o espéculo na vagina (como numa colheita de material para citologia ginecológica) e um cateter (tubo) no colo uterino. Após a remoção do espéculo e introdução da sonda ecográfica transvaginal, o contraste é injetado pelo cateter. Neste momento é possível observar o preenchimento da cavidade uterina e das trompas de Falópio, verificando se existe uma patologia intracavitária e avaliando a permeabilidade tubária, ou seja, se as trompas estão bloqueadas. Este exame tem uma duração média de 20 a 30 minutos.

Principais indicações

A HSSG é o exame de referência para avaliar a infertilidade associada à permeabilidade das trompas e da cavidade uterina da mulher. Este exame permite identificar problemas ginecológicos como:

Obstrução unilateral ou bilateral das trompas
Hidrossalpinge (trompa dilatada)
Alterações uterinas que possam sugerir miomas submucosos ou pólipos
Anomalias anatómicas como septos uterinos, por exemplo

Como se preparar para o exame

É muito importante observar uma preparação correta para minimizar possíveis desconfortos e evitar resultados distorcidos. O exame deve ser realizado entre o 1º dia após a menstruação e o início da ovulação, ou seja até ao 14º dia de um ciclo menstrual ideal de 28 dias.
É recomendado que esvazie a bexiga antes do exame assim como a toma de um analgésico anti-inflamatório, como o ibuprofeno, ou um paracetamol, cerca de meia-hora antes do exame, uma vez que é frequente a paciente sentir dor ou desconforto durante e logo após o exame.

Resultados no próprio dia

Uma das vantagens da realização da HSSG é que os resultados são imediatamente visíveis pelo seu médico, uma vez que são realizados em consultório. O seu médico ginecologista poderá ainda prescrever-lhe a toma de um antibiótico para profilaxia das infeções pélvicas, na maioria dos casos realizada com toma única de 2 comprimidos.
Este é um exame que pode ser decisivo na estratégia terapêutica a adotar e a ultrapassar o desafio da dificuldade em engravidar.

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Autor do artigo

Dusan Djokovic

Ginecologista

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