A Diabetes Gestacional é uma das patologias mais frequentes da gravidez. De acordo com um artigo publicado em 2024 na revista The Lancet, cerca de 14% das gravidezes a nível global são afetadas por esta patologia.
Esta é uma tendência que tem estado sempre a aumentar nas últimas décadas. A diabetes gestacional corresponde a um aumento dos níveis de açúcar no sangue identificados pela primeira vez durante a gravidez. Apesar de poder ocorrer em qualquer fase da gravidez, é mais frequente a partir da 24ª semana.
Diabetes Gestacional: Quem afeta?
Durante a gravidez é mais difícil metabolizar os açúcares no sangue porque a placenta produz hormonas que fazem com que o corpo seja menos sensível à ação da insulina (hormona que controla o açúcar no sangue).
Qualquer grávida pode vir a desenvolver diabetes gestacional. Os principais fatores de risco são:
- Idade materna avançada
- Índice de massa corporal (IMC) superior a 30 kg/m2
- Antecedente de filho com peso superior a 4 kg à nascença
- Antecedente de Diabetes Gestacional
- História familiar de Diabetes tipo 2
- Gravidezes múltiplas
- Aumento de peso excessivo durante a gravidez
Consequências da Diabetes Gestacional
O aumento dos açúcares na gravidez pode trazer riscos para a saúde do recém-nascido e da mãe. A maior parte das mulheres com Diabetes Gestacional adequadamente controlada dá à luz bebés completamente normais e tem gravidezes sem incidentes. Porém, a Diabetes Gestacional pode estar associada a complicações como:
- Pré-eclampsia (hipertensão arterial na gravidez associada à perda de proteínas na urina)
- Risco de parto prematuro (antes das 37 semanas de gravidez)
- Maior probabilidade do parto ter de ser realizado por cesariana
- Bebés muito grandes (macrossomia) que dificultam o trabalho de parto
- Hipoglicemia (baixos níveis de açúcar no sangue) nas primeiras horas de vida do recém-nascido
- Icterícia neonatal
- Risco acrescido da mãe e do bebé poderem vir a ter Diabetes tipo 2 ao longo da vida.
Importa referir ainda que, após o parto, a Diabetes Gestacional geralmente desaparece.
Como é realizado o diagnóstico
Não existem sintomas ou sinais externos de Diabetes Gestacional. O diagnóstico é estabelecido com base em testes laboratoriais.
Logo no 1º trimestre de gravidez é realizada uma avaliação da glicemia em jejum, através de uma análise sanguínea. É estabelecido o diagnóstico de Diabetes Gestacional quando a glicemia apresenta valores iguais ou superiores a 92 mg/dl.
Se a glicemia apresentar níveis normais, é realizado um teste de tolerância à glicose oral. Este teste deve ser realizado entre a 24ª e a 28ª semanas de gravidez, e é realizado em jejum através da ingestão de uma solução com 75g de glucose. Após 1 hora e 2 horas da toma da solução de glicose, são colhidas amostras de sangue em jejum. O diagnóstico de Diabetes Gestacional é estabelecido se pelo menos um dos três valores for acima do normal.
Ter uma gravidez com Diabetes Gestacional
Se lhe for diagnosticada Diabetes Gestacional pode ter de controlar diariamente os níveis de glicemia e, eventualmente, recorrer a medicação oral e, em algumas situações, a medicação com insulina (injeções). O controlo dos níveis de glicemia deve ser efetuado após cada refeição pela grávida que estiver a tomar insulina.
É fortemente recomendado à mulher com diagnóstico de Diabetes Gestacional seguir estas indicações:
- Adotar uma alimentação equilibrada de modo a garantir os nutrientes adequados a si própria e ao feto
- Comer com frequência (6 refeições por dia), com intervalos não superiores a 3 horas
- Evitar alimentos ricos em açúcares, como doces, refrigerantes, etc.
- Reduzir a ingestão de pão, massa, batata e arroz
- Praticar exercício físico adaptado à gravidez