Os conselhos da Pediatra no regresso à escola

data de publicação25 Setembro 2020 autor do artigo
Marta Pinto  |  Pediatra

Neste regresso à escola, em contexto de pandemia de COVID-19, é natural que os pais tenham algumas dúvidas a colocar ao médico Pediatra. Além das habituais questões sobre a alimentação e vacinação, há outras relacionadas com a pandemia que a Pediatra das Clínicas de Sintra e de S. João do Estoril, Drª Marta Pinto, ajuda a esclarecer.

 

Que especiais cuidados devem ter as crianças com a alimentação nesta altura do ano e num contexto de pandemia?

Uma dieta equilibrada é fundamental para o bom funcionamento do nosso organismo e para fortalecer o sistema imunitário. Durante todo o ano devemos tentar reduzir (ou mesmo eliminar) a ingestão de produtos submetidos a adição de açúcares, sal, gorduras, conservantes, corantes e emulsionantes. Por outro lado, devemos aumentar o consumo de produtos frescos e da época. Devemos também preferir métodos de confeção simples, evitando as frituras e privilegiando a ingestão de alimentos crus, como as frutas e os vegetais. Durante as estações do outono e inverno é contraindicado o consumo de bebidas ou alimentos frios. No entanto aconselha-se a ingestão de caldos, sopas e chás. Finalmente, os alimentos ricos em vitamina C são também muito importantes nesta época.

 

É recomendada alguma suplementação alimentar para fortalecer o sistema imunitário das crianças?

Em idade pediátrica a necessidade de recorrer a suplementos alimentares é rara e geralmente direcionada a crianças com doenças crónicas.

 

É aconselhável fazer a vacina da gripe mesmo não se pertencendo a nenhum grupo de risco?

Atualmente, segundo a Direção-Geral da Saúde, a vacina da gripe deverá ser administrada apenas a grupos de risco.

 

É seguro praticar exercício físico num contexto em que o distanciamento social é uma medida preventiva?

É seguro e recomendado para toda a família, trazendo inúmeros benefícios tanto a nível físico como psicológico, desde que as medidas preventivas possam ser cumpridas, nomeadamente no que diz respeito ao distanciamento social e normas de higienização. Dentro ou fora de casa é fundamental manter uma vida ativa e não sedentária.

 

Quando é que a criança deve ficar em casa?

Os critérios de doença e os sinais de alarme mantêm-se, devendo ser individualizado caso a caso. Contudo, no contexto em que nos encontramos, o início de qualquer sintoma deverá ser tido em conta, sendo mandatório o aconselhamento junto do seu Médico Pediatra ou através do contacto da linha de apoio do SNS24.

 

Se o meu filho tiver uma febre ligeira devo dar-lhe um analgésico como anteriormente prescrito pelo pediatra?

Sim, poderá administrar o antipirético e resguardá-lo em casa, avaliando a evolução do quadro. Em caso de dúvida deverá entrar em contacto com o Pediatra ou com o Médico Assistente.

 

Como devemos lidar com alguma ansiedade das crianças relativamente à pandemia de COVID-19?

O início do ano escolar é normalmente vivido com alguma ansiedade por parte das famílias. Mas se, em anos anteriores, essa ansiedade confundia-se com um misto de entusiasmo, este ano será algo diferente. Devido à pandemia de COVID-19 muitos pais verbalizam os seus receios e incertezas relativamente ao regresso às aulas. Este sentimento, muitas vezes, acaba por ser transmitido aos mais pequenos. Desta forma, é fundamental manter uma atitude positiva.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pediatria, “as crianças parecem ter menor incidência da doença e desenvolver sintomas ligeiros e transitórios, de evolução benigna, sendo os internamentos e as fatalidades excecionais”. Por outro lado, a mesma fonte acrescenta que os “surtos escolares são raros” (segundo os estudos atuais), e que “não parecendo ser a transmissão criança a criança nem adulto a criança relevante na propagação de surtos”. Finalmente, é igualmente importante explicar atempadamente e de forma clara às crianças as novas medidas e rotinas que farão parte do seu dia a dia na escola e se possível adotar algumas delas em casa.

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Marta Pinto

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