Disfonia infantil em idade Pré-Escolar

data de atualização05 setembro 2025 autor do artigo
Ter. Marta Santos  |  Terapeuta da Fala
Disfonia infantil em idade Pré-Escolar

Dificuldades na produção da voz — como rouquidão, cansaço ao falar, uma voz demasiado fina ou grossa, mais fraca ou mais forte do que o habitual — podem estar associadas à disfonia infantil.
 

A importância de observar alterações na voz  

É através dos pais que, desde cedo, os bebés descobrem e brincam com os sons que conseguem emitir e, daí, desenvolvem para a fala. Cada criança tem uma voz e timbre únicos, o que permite aos pais reconhecer a voz da sua criança no meio de muitas outras.
Por isso, quando a criança manifesta dificuldades relacionadas com a voz, essas alterações são percebidas com maior facilidade por quem a acompanha diariamente. 
As alterações de voz na criança são, por vezes, desvalorizadas, apesar de poderem prejudicar a sua eficiência comunicativa, o seu desenvolvimento social e educacional e a sua participação em atividades com outras crianças. 
Uma vez que as próprias crianças têm dificuldade em identificar qualquer tipo de problemas (cansaço, dor ou esforço para falar), é fundamental que os pais estejam atentos às potenciais alterações vocais nos seus filhos. 
 

Como identificar sinais de disfonia infantil?

Se verificar que a voz da criança ficou diferente nos últimos tempos (por exemplo rouca, fraca, tensa ou cansada), que melhora quando ele fica alguns dias sem falar e que piora em situações que dá mais uso à voz, estes são sinais que não deverá ignorar. 
Nestes casos, se as alterações permanecerem durante 15 dias deve procurar a ajuda de um especialista.
 

Avaliação especializada: a quem recorrer?

O diagnóstico da disfonia infantil deve ser realizado por uma equipa multidisciplinar. Na maioria das situações, o primeiro passo é uma avaliação com um terapeuta da fala, que identificará hábitos prejudiciais. Se necessário, poderá encaminhar para uma consulta de otorrinolaringologia. A observação direta das pregas vocais pode ser recomendada para identificar alterações estruturais ou funcionais.
 

Quais são as causas da disfonia?

A disfonia pode ter 3 origens: funcional (uso incorreto da voz), orgânico-funcional (lesões que surgem devido ao uso vocal incorreto e repetitivo) ou orgânica (lesões/condições físicas que afetam diretamente as estruturas vocais). Em crianças em idade pré-escolar, a origem dos problemas de voz mais comum é a funcional, provocada por hábitos vocais inadequados no dia a dia.

  1. Estar sempre a chorar e a gritar pode causar vários graus de irritação na laringe e provocar a rouquidão.
  2. A desidratação das pregas vocais pode ser a causa de problemas de voz.
  3. Ingerir bebidas frias e gelados é prejudicial para a voz, uma vez que o choque térmico causa uma descarga imediata de muco e edema das pregas vocais, o que diminui a eficácia da vibração e a voz pode não sair tão bem.
  4. Inspirar pela boca pode provocar secura nas pregas vocais e podem surgir problemas como infeções na garganta, queixo retraído, deformação da dentição, olheiras, falta de concentração, entre outros. A criança deverá inspirar sempre pelo nariz, para que o ar inalado possa ser filtrado, aquecido e humidificado.
  5. Imitar vozes pode contribuir para o aparecimento de alterações nas pregas vocais, devido ao atrito que provoca irritação e descamação do tecido das pregas vocais.
  6. Falar alto em ambientes com muito barulho (recreios, festas, entre outros). A criança tem tendência a aumentar a intensidade da voz, o que exige mais esforço da laringe.

 

O que os pais/educadores devem fazer:

Pais, mães e educadores desempenham um papel muito importante na promoção da saúde vocal das crianças. Criar um ambiente saudável é fundamental na prevenção de alterações vocais e no apoio a processos terapêuticos.

Algumas estratégias incluem:  

  • Falar num tom calmo e de intensidade mais baixa para a criança.
  • Pedir em vez de ordenar.
  • Prestar atenção ao que a criança quer dizer, ensinando-a a esperar pela sua vez e a participar nas conversas.
  • Evitar gritar.
  • Incentivar a criança a beber muita água.
  • Estimular a criança a comer maçã porque ajuda a limpar a boca e a faringe.
  • Ensinar a criança a olhar para as pessoas quando estão a falar.
  • Estar atenta à voz da criança.
  • Evitar ambientes frios, com ar condicionado, fumo ou pós, pois secam a laringe e irritam-na.

 

Em resumo:

A voz das crianças merece atenção desde cedo. Ao promover hábitos vocais saudáveis, pais e educadores contribuem para o bem-estar e o desenvolvimento comunicativo das crianças. Sempre que houver sinais persistentes de alteração vocal, não deverão hesitar em procurar apoio profissional.

Autor do artigo

Marta Santos

Terapeuta da Fala (Cédula Profissional: C-044037171)

Faça o seu comentário

Envie-nos o seu comentário, questão ou opinião.