Um dos principais efeitos secundários da pandemia de COVID-19 foi na saúde mental. O aumento de casos de ansiedade e depressão, entre outros quadros clínicos, motivou o alerta de médicos, doentes e autoridades de saúde para repercussões na saúde mental da população.
Nesse sentido, entrevistámos o Dr. Ricardo Caetano, Psiquiatra na Cintramédica, de modo a perceber a magnitude do impacto da COVID-19 em quadros depressivos e como podemos todos estar alerta para a manutenção da saúde mental.
O impacto da pandemia por COVID-19 na saúde mental das pessoas foi muito elevado. Estima-se que no primeiro ano da pandemia a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou 25%. Os estudos realizados em Portugal revelaram um aumento do sofrimento psicológico, da ansiedade e da depressão moderada a grave, do stress pós-traumático e do burnout.
Com a pandemia por COVID-19 aumentaram os novos casos de depressão, mas também ocorreu o agravamento sintomático de depressões que já estavam diagnosticadas. Sabemos que a probabilidade de ter uma depressão durante a pandemia foi maior nas pessoas que tiveram uma depressão antes da pandemia.
O vírus SARS-CoV-2 tem uma ação direta no sistema nervoso central, através da infeção das células nervosas e de mecanismos inflamatórios e imunológicos.
A persistência de sintomas de ansiedade e depressão e de queixas cognitivas, vários meses após a infeção aguda, é um dos indicadores desta ação do vírus no sistema nervoso central.
A depressão é uma doença na qual intervém fatores ambientais e genéticos. O stress intenso e prolongado no tempo é um factor de risco para o desenvolvimento de depressão em pessoas com vulnerabilidade genética para esta patologia. O sexo feminino, traumas na infância e episódios depressivos no passado também constituem fatores de risco.
Os sintomas que podem sinalizar o aparecimento de uma depressão são a perda de prazer e de vontade na realização de atividades que antes davam prazer, diminuição da energia e cansaço permanente, tristeza constante com impacto na vida da pessoa. Muitas vezes, a ansiedade está associada. Podem ocorrer baixa autoestima, sentimentos de culpa e inutilidade, dificuldades de concentração, irritabilidade e alterações do apetite e do sono, como, por exemplo, insónia. Em casos mais graves pode estar presente pensamentos recorrentes de morte e ideação suicida.
Ainda existe um estigma associado às doenças mentais. Este estigma existe na sociedade em geral, mas também nas pessoas que sofrem de doença mental.
O facto de cada vez mais se falar em saúde mental e na sua importância para a saúde plena das pessoas está a contribuir para a diminuição deste estigma.
Os pilares fundamentais para uma boa saúde mental são ter uma atividade profissional gratificante e que seja equilibrada com a vida pessoal e familiar, ter passatempos e hobbies, conviver com amigos e família e praticar exercício físico.
A angina de peito manifesta-se por uma dor no peito depois de um esforço intenso. Fique a conhecer este sintoma de doença cardíaca e previna a sua saúde.