Alergias Respiratórias: porque são mais frequentes na Primavera?

data de publicação01 Abril 2024 entrevista a
Anna Sokolova  |  Imunoalergologista

As alergias respiratórias sazonais são o tipo mais comum de alergia. São desencadeadas por uma reação exagerada do sistema imunitário à presença de alergénios. A Dra. Anna Sokolova, Imunoalergologista na Cintramédica, ajuda-nos a perceber quais são as alergias respiratórias sazonais que mais afetam a população, porque são mais prevalentes na Primavera, quais os alergénios que as desencadeiam, como são diagnosticadas e dicas para quem é alérgico se possa proteger.

 

O que são alergias respiratórias sazonais e quais os sintomas?

A alergia respiratória sazonal engloba a rinite alérgica e a asma brônquica, que são as patologias mais frequentes da Consulta de Imunoalergologia. Os sintomas típicos incluem: comichão no nariz, espirros, rinorreia (pingo no nariz), sensação de nariz entupido e, em casos mais graves, sensação de peso no peito, dificuldade respiratória e tosse prolongada.

Porque são mais frequentes na Primavera?

Os sintomas ocorrem na Primavera devido ao aumento da concentração do principal alergénio, ou seja, o pólen no ar. A concentração do pólen está relacionada com o tempo, sendo maior nos anos mais quentes e ventosos.

Quem é mais afetado pelas alergias respiratórias sazonais?

Este tipo de alergia afeta tanto crianças como doentes adultos, sem nenhuma predominância de idades ou género.

Há hoje mais alergias respiratórias devido às alterações climáticas?

De acordo com alguns estudos há evidências que as alterações climáticas e o estilo de vida moderno levaram ao aumento da patologia alérgica em geral e da patologia alérgica respiratória.

Quais são os alergénios respiratórios mais comuns?

Os alergénios respiratórios mais comuns são os ácaros de pó doméstico, os pólens de gramíneas (relva), oliveira e parietária (urtigas), os fungos de humidade, nomeadamente alternária (fungo) e os epitélios (pelos) dos animais.

Como é feito o diagnóstico clínico? Fazem-se testes cutâneos em consulta? Quando se deve recorrer a exames laboratoriais?

O diagnóstico de alergia respiratória é feito com base na história clínica, analisando-se as queixas apresentadas pelo doente, realizando-se, eventualmente, testes cutâneos para determinação da sensibilização alergénica, análises ao sangue e Prova de Função Respiratória. Recentemente surgiram também novas técnicas de diagnóstico, entre as quais destaco a rinomanometria, um exame que permite avaliar a gravidade de obstrução nasal, além de testes de olfato. Estas técnicas são realizadas em colaboração com Especialistas em Otorrinolaringologia.

Na região de Sintra (onde residem grande parte dos nossos leitores e clientes), quais são as espécies de flores, árvores ou relva a que as pessoas são mais alérgicas?

A área da Sintra é muito rica em jardins, parques e áreas verdes. Além disso tem um clima particular - um pouco mais húmido do que outras zonas de Distrito de Lisboa. Estas particularidades causam maior concentração de pólen de gramíneas, parietária e alternária no ar.

Como se previnem em casa as alergias? Que recomendações daria para quem tem alergia respiratória?

É difícil prevenir a alergia tendo em conta a presença constante dos alergénios no ar. No entanto, existem medidas que permitem diminuir a concentração dos fungos e dos ácaros no ar da casa. Dou como exemplo a diminuição da humidade no interior das habitações com aparelhos especiais, como o desumidificador. Por outro lado, as pessoas com alergia ao pólen devem evitar a permanência no exterior na época de maior concentração polínica no ar. Esta concentração pode ser consultada no site da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica.

Entrevista a

Anna Sokolova

Imunoalergologista