A importância do rastreio auditivo infantil

data de publicação07 setembro 2025 artigo revisto por
Dra. Marta Cardoso  |  Otorrinolaringologista
A importância do rastreio auditivo infantil
Em Portugal, existe o programa de Rastreio Auditivo Neonatal Universal, um exame realizado nos recém-nascidos, que permite despistar, de forma precoce, perdas auditivas congénitas. 
Mas, à medida que a criança cresce, a audição pode sofrer alterações, devido a infeções virais e bacterianas, otites de repetição, otites seromucosas, ou outras causas como traumatismos.

A avaliação auditiva nas crianças pode ser realizada em diferentes fases do crescimento para identificar alterações que possam surgir. 
 

Otites silenciosas na 1.ª infância

A otite seromucosa, também conhecida como “otite silenciosa”, é uma das patologias mais prevalentes em idades pré-escolares. 
Trata-se de uma inflamação do ouvido médio, que habitualmente não apresenta nenhum sinal evidente, como febre ou dores, passando, muitas vezes, despercebida. 
Caracteriza-se pela presença de líquido nas cavidades do ouvido médio que se acumula, por exemplo, como resultado de uma constipação. É uma situação que, quase sempre, se resolve espontaneamente ou com uma correta e regular lavagem nasal.  
Esta situação pode provocar uma diminuição temporária da audição e afetar a aquisição da linguagem.
 

Avaliação auditiva aos 2 anos

Por volta dos 2 anos de idade é feita uma nova avaliação, integrada na vigilância do desenvolvimento infantil pelos cuidados de saúde primários, para detetar casos de não tenham sido anteriormente diagnosticados. 
Esta fase é crucial, pois coincide com o período de aquisição intensiva da linguagem verbal. Problemas auditivos, mesmo que temporários, podem ter impacto negativo na comunicação e no comportamento da criança, que pode estar mais distraída, parecer desobediente, isolar-se ou reagir com birras, por não compreender o que se passa à sua volta. 
 

A audição na idade escolar

Com a entrada no primeiro ciclo do ensino básico, por volta dos 6 anos, poderá ser realizado um novo rastreio, mesmo que a criança não apresente queixas. 
Nesta fase, torna-se ainda mais importante garantir uma boa acuidade auditiva, uma vez que dificuldades em ouvir podem afetar a aprendizagem: 
  • a criança precisa de ouvir bem para aprender a falar e a escrever corretamente, e para entender os sons das letras e palavras.
  • as dificuldades auditivas podem afetar a concentração e o desempenho escolar.
  • uma criança que ouve bem comunica melhor, sente-se mais confiante e participativa.

Nesta idade, a criança já consegue colaborar na realização de audiograma tonal e no timpanograma
Estes exames são rápidos, indolores e adaptados à idade da criança.
 

Pais e educadores em colaboração ativa

Tanto os pais como educadores/professores podem notar potenciais dificuldades auditivas. Os educadores/professores, em contexto de sala de aula, muitas vezes sugerem a procura de ajuda especializada para avaliar a existência de problemas auditivos.
A colaboração entre famílias e escolas é essencial para garantir que qualquer alteração auditiva seja devidamente identificada e acompanhada, prevenindo impactos a longo prazo no bem-estar da criança.

Artigo revisto por

Marta Cardoso

Otorrinolaringologista (Cédula Profissional: OM 44061)

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