O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um dos vírus respiratórios mais frequentes em idade pediátrica. É extremamente comum de outubro a abril, coexistindo com outros vírus que afetam o sistema respiratório, como, por exemplo, o vírus da gripe. Durante a pandemia de COVID-19, numa altura em que as populações estavam mais atentas para a etiqueta respiratória, para o uso de máscara e também devido a períodos de isolamento social, a prevalência de infeções de VSR foi mais reduzida. Com o aliviar de algumas destas medidas de prevenção, tem sido notícia o aumento da frequência de casos de infeção nas urgências pediátricas e, em alguns casos, de internamento de crianças pequenas.
A Dra. Carina Cardoso, Pediatra na Cintramédica, ajuda-nos a perceber no que consiste este vírus respiratório, como se propaga e que sintomas provoca, além de ajudar a esclarecer pais e educadores sobre medidas preventivas que possam minimizar os efeitos do VSR este Inverno.
O Vírus Sincicial Respiratório é um vírus que infeta o aparelho respiratório e é muito comum nos meses mais frios, sobretudo do Outono e Inverno. Qualquer pessoa pode contrair uma infeção causada pelo VSR. No entanto, as situações mais problemáticas são habitualmente observadas em:
• Nos extremos da idade, ou seja, em crianças muito pequenas (até aos 6 meses, mas sobretudo abaixo dos 3 meses) e nos idosos.
• Crianças prematuras
• Crianças com doenças crónicas, sobretudo de coração ou pulmão
• Crianças cujo sistema imunitário esteja fragilizado devido a uma imunodeficiência ou tratamento médico
Cerca de 4 a 6 dias depois do contágio, observa-se, de forma progressiva, corrimento nasal, nariz entupido, tosse, espirros, febre, perda de apetite, dores no corpo e pieira/respiração sibilante. A duração dos sintomas pode variar entre 3 a 7 dias. Nas situações mais preocupantes, e sobretudo nos bebés mais pequenos, os sintomas principais podem ser irritabilidade, recusa alimentar, perda da normal atividade, prostração e pieira persistente.
A doença causada pelo VSR é geralmente ligeira. Pode manifestar-se apenas como uma constipação, sem febre, e isto é mais comum em adultos saudáveis e nas crianças mais velhas. Porém, podem surgir alguns casos de pneumonia, mas estes são mais frequentes nas crianças com os antecedentes descritos acima (quem está mais em risco). Já abaixo dos 2 anos é frequente observar-se bronquiolite.
Perante a suspeita de infeção por VSR não é necessário realizar exames complementares de diagnóstico. No entanto, os mesmos só devem ser utilizados na suspeita médica de alguma complicação ou se houver necessidade de internamento.
Por se tratar de uma infeção viral, o tratamento habitual é dirigido aos sintomas que a criança apresenta:
Por vezes há situações em que se recorre ao uso de broncodilatadores, se surgir uma respiração sibilante, ou de antibióticos, se a criança apresentar sintomas de infeção bacteriana secundária, como otite ou pneumonia.
O VSR é propagado através do contacto com secreções da boca ou do nariz. Assim sendo, o contágio ocorre pela inalação de gotículas expelidas pela pessoa infetada (ao falar, tossir ou espirrar), pelo contacto direto com essas secreções (beijar a face de uma criança infetada ou partilhar utensílios como talheres e copos), ou pelo contacto com superfícies contaminadas. Note-se que o VSR pode permanecer nas superfícies durante algumas horas. Este aspeto é importante, uma vez que a partilha de brinquedos é uma das formas mais comuns de contágio entre crianças nos infantários e espaços conjuntos de lazer para crianças.
As principais medidas para prevenir a infeção pelo VSR são semelhantes àquelas aplicadas na prevenção das restantes infeções respiratórias virais:
Tanto quanto possível, antes de recorrer às Urgências, os pais e cuidadores devem procurar aconselhamento com o seu médico assistente. De forma geral, se a criança tiver mais de 6 meses de idade e sintomas ligeiros com menos de 48h de duração, os pais podem começar por aplicar as medidas sintomáticas descritas acima (ver "No que consiste o tratamento da doença?"). Se possível, não devem levar as crianças à creche ou à escola, sobretudo se tiverem febre.
Deve-se contactar a Linha da Saúde 24 ou recorrer à Urgência:
Atualmente, não existe um tratamento curativo para as infecções por VSR, e para prevenção estão em desenvolvimento vacinas, que ainda não se encontram disponíveis. Há, no entanto, disponível apenas para um grupo muito específico de crianças com risco de desenvolver uma infeção grave, o palivizumab, que é um medicamento administrado a nível hospitalar, com o objetivo de reduzir as hospitalizações.