O VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) ataca o sistema imunitário, destruindo as defesas que o organismo tem para se proteger de doenças e infeções. Segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, entre 2020 e 2021 registaram-se 1803 novas infeções por VIH e 415 novos casos de SIDA (Síndrome da Imundeficiência Adquirida) em Portugal.
A idade média das infeções são os 39 anos, mas a maior taxa de novos diagnósticos fixa-se entre os 25 e os 29 anos. A principal forma de transmissão é por via sexual (92%), e destes a maioria são contactos heterossexuais (51,8%).
Dos casos reportados em Portugal desde 1983, uma em cada 3 infeções, de um total de 64257 casos diagnosticados, evoluíram para a forma mais grave da doença, a SIDA. Há a lamentar mais de 15 mil mortes. O objetivo definido pelas Nações Unidas é 95-95-95, ou seja, que:
O Dr. Henrique Durão, médico de Medicina Interna na Cintramédica, ajuda-nos a perceber como é que o VIH se manifesta, quais as formas de transmissão, tratamento e como é possível viver uma vida normal apesar do vírus.
O VIH, responsável, na sua forma mais grave, pela SIDA, é um vírus relativamente recente, tendo surgido os primeiros casos de infeção há cerca de 40 anos. Desde aí, tem provocado uma epidemia à escala mundial, tendo vitimado cerca de 40 milhões de pessoas em todo o mundo.
O VIH ataca as células do sistema imunitário, entre as quais se destacam:
Apesar de ainda não existir cura, a progressão da doença já pode ser travada com medicação antirretroviral, caso seja detetada precocemente.
A infeção por VIH compreende 4 fases de evolução:
Designação da doença quando a infeção pelo VIH é recente. Após a infeção, e geralmente nas primeiras 3 semanas a 1 mês, a carga viral está no máximo. Apesar das análises poderem não detetar o VIH porque o vírus ainda não passou para a corrente sanguínea, a possibilidade de transmitir o vírus é maior, sendo, nesse aspeto, a fase mais perigosa.
Ocorre ao mesmo tempo que a imunidade do doente é afetada. Os sintomas são idênticos aos da gripe ou de uma mononucleose infecciosa.
É de extrema importância identificar a infeção por VIH nesta fase, porque permite que se inicie precocemente a medicação antirretroviral, o que poderá significar numa maior preservação, a longo prazo, da eficácia do sistema imunitário.
Nesta fase da infeção o VIH ainda está a multiplicar-se, sendo possível observar uma resposta do sistema imunitário com um aumento de células específicas (CD8 citotóxicas).
Apesar de um inicial estado de latência do VIH, pode dar-se uma progressão da doença para SIDA, sobretudo se houver coinfeção com outros vírus (como o da herpes, por exemplo). A SIDA também pode surgir, nesta fase, em situações em que se observe um estímulo do sistema imunitário que ative as células T do sistema imunitário que estavam em repouso.
Nesta fase assistimos a um ponto de ajuste ou “equilíbrio”. Por um lado, o VIH multiplica-se através da “captura” das células do sistema imunitário, por outro, o VIH é eliminado pelas células imunitárias que ainda estão disponíveis. Este ponto de equilíbrio viral é fundamental, pois será determinante num prognóstico a longo prazo.
É importante ter em conta que a carga viral depende da velocidade de produção e replicação do VIH, sendo que a remoção desse mesmo VIH é independente do estado imunitário (contagem de células CD4).
Ao fim de 10 anos (em média), com a infeção crónica persistente, a doença manifesta-se como SIDA. Geralmente, a situação clínica agrava-se quando o número de células T perdidas é maior do que o número de células infetadas.
Os sintomas manifestam-se por:
Se a pessoa não tiver sido tratada até esta altura com medicação antirretroviral ficará doente, acabando por falecer.
Qualquer pessoa pode ficar infetada pelo VIH. No entanto, há que sublinhar que um beijo na face, o aperto de mão e o toque não transmitem o VIH. A transmissão do vírus é feita geralmente por 4 vias:
A medicação antirretroviral destina-se a inibir a penetração do VIH nas células do sistema imunitário ou a impedirem o vírus de usar essas células para se multiplicarem. Podem corresponder, na prática, a um conjunto de medicamentos.
Se a toma da medicação antirretroviral for adequada e estruturada, a carga viral poderá atingir níveis tão baixos que as análises podem até deixar de detetar o VIH no sangue. No entanto, os vírus estão “escondidos” e presentes dentro de outras células, vivendo num estado de latência viral (como se estivessem a hibernar).
Em conclusão, nunca se deve parar ou deixar de tomar a medicação antirretroviral. O doente deve ser o mais cumpridor possível com a medicação prescrita até ao dia em que formos capazes de erradicar (eliminar) completamente todos os vestígios de VIH de todos os “esconderijos” do corpo (principalmente dentro do cérebro). Até esse dia, a palavra de ordem será nunca deixar de tomar a medicação.
Qualquer doente portador de VIH (homem ou mulher) pode ter filhos. Se a carga viral for nula (menos do que é detetável, ou seja, análises “limpas”), o risco de transmitir o VIH a outra pessoa é muito baixo. Neste cenário é muito pouco provável que o portador positivo contagie ou transmita o VIH para o/a parceiro/a, ou para os filhos. Aliás, a medicação antirretroviral, mesmo dada durante o trabalho de parto, funciona de tal modo que baixa rapidamente a carga viral, diminuindo as probabilidades da mãe transmitir o vírus aos filhos. Apesar disso, deve-se sublinhar que não elimina completamente essa possibilidade. No entanto, preferimos que a doente tome a medicação logo no primeiro trimestre da gravidez, e se estiver a tomar medicação antes de engravidar, deve continuar, acrescentando que, dependendo dos regimes, por vezes a medicação pode ser modificada.
No nosso país, a medicação antirretroviral para o VIH é absolutamente gratuita, sendo distribuída em centros especializados, uma vez que deve estar acondicionada de forma apropriada.
Atualmente, ainda não existe cura para o VIH. Mas se o doente portador de VIH fizer a medicação certa (isto é, tomar sempre e todos os dias) e cumprir com o tratamento, quando atingir uma carga viral negativa, poderá viver o mesmo tempo que outra pessoa “não infetada”. Quanto mais tarde começar o tratamento, e caso não recupere a imunidade (as defesas), mais pessimista será o prognóstico (o doente não só vive menos tempo, mas também tem maiores probabilidades de ter outras complicações como tuberculose ou meningite). Em Portugal, há muitos hospitais a que o doente pode recorrer para receber o tratamento gratuito, e quanto mais cedo melhor. Nunca se deve perder a esperança e a Ciência Médica poderá descobrir, no futuro, uma cura. Vamos vencer o VIH!
A Cintramédica Laranjeiras apresenta uma oferta de serviços de saúde renovada e integrada com o Grupo Cintramédica, com análises e consultas de especialidade