As refeições escolares disponibilizadas no ensino público estão diferentes. E diferentes para melhor! Desde o início deste ano letivo que as vitrines dos refeitórios deixaram de exibir bolos, croissants ou croquetes. No mesmo sentido, as máquinas de vending também já não vendem batatas fritas, chocolates ou refrigerantes. Este facto resulta do Despacho produzido pelo Gabinete do Secretário de Estado Adjunto da Educação, que veio regulamentar a oferta alimentar nas escolas públicas.
A lógica é que a escola deve promover um ambiente saudável para a criança, na qual uma alimentação equilibrada, aliada à atividade física e à educação, são faces indissociáveis do desenvolvimento físico, cognitivo de crianças e adolescentes.
Esta nova diretiva visa deixar à porta das escolas os alimentos ricos em açúcares ou com elevado teor de sal, os que contêm gorduras saturadas e trans, ou ainda os que são extremamente calóricos. Mas também recomenda uma série de alimentos que as crianças e adolescentes poderão optar.
Entre eles destacam-se:
As “lições” aprendidas em casa sobre alimentação têm um reflexo determinante nas refeições escolares, quer na educação do gosto para uma dieta variada, quer (mais tarde) nas escolhas tomadas no bar da escola. Num “mundo perfeito” deveria haver uma continuidade da “matéria” aprendida em casa para que na escola (e fora dela) os alimentos saudáveis não sejam “estranhos” nas refeições das crianças.
Há, no entanto, alguns grupos de alimentos (conhecidos de todos) que estão presentes nas escolas e sobre os quais recomendamos que pais e educadores promovam o seu consumo. São eles:
Entre 50% a 70% do nosso corpo é composto por água. A hidratação dos mais novos (e não só) é um aspeto fundamental numa alimentação saudável, saúde cognitiva e sucesso escolar. No entanto, e de acordo com dados da Associação Portuguesa de Nutrição (APN), são precisamente as crianças o grupo etário que menos água ingere (cerca de 432,1 mLt./dia). Quanto às quantidades de água que devem ser ingeridas por crianças e adolescentes estas variam não só com a idade mas também com o consumo de outros alimentos, como as sopas, por exemplo, que também contenham água. No entanto, de maneira geral, pode-se recomendar uma ingestão diária entre 1Lt. e 1,2 Lt. para crianças entre os 2 e os 8 anos, de cerca de 1,5 Lt. entre os 9 e os 13 anos e entre 1,5 Lt. a 2 Lt. para os adolescentes.
O leite é um alimento importante na alimentação dos mais novos, uma vez que fornece nutrientes essenciais para o crescimento, formação óssea e dentária e desenvolvimento neurológico das crianças. A APN reforça que o leite fornece cálcio e fósforo, zinco, ferro, magnésio e vitaminas A, B, C, D e ácido fólico, além de ser um alimento proteico. Por outro lado, e em crianças que apresentem sensibilidade a algum dos componentes do leite de vaca (ou mesmo alergia), existem no mercado “leites” de outras proveniências (de amêndoa ou de soja, por exemplo) enriquecidos em cálcio, vitamina D ou ferro, que podem satisfazer as necessidades nutricionais das crianças.
Os iogurtes têm a vantagem de possuírem os mesmos nutrientes do leite mas, por serem um produto fermentado, promovem uma melhor digestibilidade dos seus componentes quando em comparação com o leite. Além disto, os iogurtes possuem um grande número de bactérias lácticas, que promovem o bom funcionamento e o equilíbrio da flora intestinal. A APN refere um estudo que avaliou laticínios e bebidas vegetais consumidas em Portugal, tendo concluído que o iogurte é um dos alimentos com teor de iodo mais elevado. Este nutriente é essencial na síntese das hormonas da tiroide que são fundamentais para o desenvolvimento de órgãos como o cérebro e no crescimento das crianças, sendo o seu défice a causa mais comum de deficiência cognitiva.
Este grupo de alimentos é um ótimo fornecedor de vitaminas, minerais e fibras, além de conter uma generosa quantidade de água, sobretudo em frutas como os citrinos, os morangos, melancia ou melão. Por outro lado, são um excelente fornecedor de hidratos de carbono (frutose) e, em alguns casos, como o do abacate ou do coco, ricos em lípidos (gorduras). De acordo com dados da APN, apesar das crianças e adolescentes portugueses consumirem mais fruta do que na maioria dos países europeus, ainda estão aquém das doses diárias recomendadas (entre 3 a 5 peças de fruta por dia), sendo por isso importante investir no incentivo ao consumo deste grupo de alimentos.
As sopas são uma fonte rica de vitaminas, minerais, fibras e de água. Apesar de conterem um elevado valor nutricional, as sopas são um alimento pouco calórico. Além disso, quando se come uma sopa no início da refeição, aumenta a sensação de saciedade, contribuindo para um melhor controlo do peso corporal, ajudando assim a combater a obesidade infantil. Podem ainda constituir um prato principal se forem enriquecidas com proteína e alguns cereais.
De acordo com dados da Childhood Obesity Surveillance Initiative, divulgados pelos SNS, em Portugal 40% dos adolescentes bebe refrigerantes todos os dias e mais de 20% consome açúcar em níveis acima dos recomendados. Cerca de 1 em cada 3 crianças tem excesso de peso, o que pode colocar em risco não só a sua saúde no futuro como o seu desenvolvimento físico e cognitivo no presente.
O exemplo em casa, com o consumo de uma alimentação mais saudável, é um comportamento decisivo que pais e educadores devem adotar para preservar a saúde das crianças.