Os produtos de tabaco aquecido começaram a ser comercializados em Portugal em 2015 pela Philip Morris International®. Esta empresa multinacional, da qual a Tabaqueira® é subsidiária, escolheu o nosso país como o 4º mercado a nível mundial onde estes novos produtos seriam vendidos ao público. Desde então, e de acordo com dados da própria Tabaqueira®, existem cerca de 400 mil “utilizadores” de iQOS® em Portugal. Uma vez que cerca de 17% da população portuguesa é fumadora, podemos aferir que 1 em cada 5 fumadores no nosso país são “utilizadores iQOS®”.
De acordo com 12 sociedades médicas científicas, das quais se destaca a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, não existe evidência que os produtos de tabaco aquecido representem menor risco para a saúde do que os cigarros convencionais.
Vejamos, relativamente a estes produtos, o que diz a Comunidade Científica acerca das suas consequências para a saúde.
De acordo com a Fundação Europeia do Pulmão (ELF), os produtos de tabaco aquecido são dispositivos que contêm tabaco, ao contrário dos cigarros eletrónicos. O tabaco é aquecido a uma temperatura elevada (no caso dos iQOS® a 350°C), criando fumo que o utilizador pode inalar. São produtos que contêm nicotina, aditivos químicos e, muitas vezes, aromas. O tabaco aquecido, tal como os cigarros convencionais, provoca dependência, devido à presença da nicotina. Aliás, contém cerca de 84% da nicotina encontrada num cigarro convencional, de acordo com a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. Ainda de acordo com esta associação médica, o filtro de polímero das recargas de tabaco aquecido derretem a cianohidrina a partir do formaldeído em meio alcalino, substância que é tóxica mesmo em baixas concentrações.
De acordo com a ELF, foram encontrados nos produtos de tabaco aquecido mais de 20 químicos prejudiciais à saúde em quantidades superiores às encontradas nos cigarros convencionais (ou até mesmo nos cigarros eletrónicos), além de novas substâncias que não existem nos cigarros tradicionais. A empresa que produz os iQOS® afirmou que existe uma redução de 90% a 95% da quantidade de substâncias tóxicas nos seus produtos, mas apenas refere estudos produzidos pela própria indústria de tabaco, levantando a questão de conflito de interesses nos estudos apresentados. Vejamos o que alguns estudos independentes, citados pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia, referem:
Os produtos de tabaco aquecido contêm nicotina e não são um substituto menos prejudicial do que os cigarros convencionais. Além disso, grande parte dos “utilizadores” de tabaco aquecido continuam a fumar cigarros convencionais. Não são uma opção para a cessação tabágica, prolongam a dependência da nicotina e não constituem uma alternativa de “risco reduzido” para a saúde.
Se for fumador, de cigarros convencionais ou de produtos de tabaco aquecido (ou de ambos), marque uma Consulta Antitabágica e dê início a uma nova vida, verdadeiramente sem fumo.
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