Provas de Função Respiratória: os exames que avaliam a sua respiração

19 Abril 2023    Notícia artigo revisto por
Inês Peres Claro  |  Pneumologista
As Provas de Função Respiratória são exames não invasivos que permitem avaliar a função respiratória e verificar se esta está, ou não, comprometida. Cada prova avalia um determinado parâmetro da função respiratória, reunindo dados sobre:
  • O volume de ar que os pulmões conseguem inspirar e expirar
  • A quantidade de ar que os pulmões conseguem reter na totalidade
  • Se a troca de gases (oxigénio e dióxido de carbono) é efetuada de forma saudável
  • A força dos músculos e a resposta dos nervos que suportam a respiração
As Provas de Função Respiratória são úteis ao diagnóstico médico, auxiliando na identificação de características  de patologias respiratórias como a asma ou a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), assim como na avaliação da eficácia de medicação para tratamento ou controlo de doenças respiratórias.

Na Cintramédica, as Provas de Função Respiratória englobam vários exames. Veja, mais em pormenor, no que consiste cada exame.

Espirometria
A Espirometria mede o volume máximo de ar que a pessoa consegue expirar e inspirar através de um espirómetro calibrado. É um exame não-invasivo, simples e indolor.
A Espirometria é um exame de referência no diagnóstico de doenças respiratórias como a DPOC, asma, assim como para detetar alterações decorrentes de sintomas respiratórios. Esta é  também utilizada para avaliar a evolução de doenças que afetem a função respiratória, a exposição a agentes nocivos ao pulmão, o efeito de terapêutica inalada, bem como para rastrear pessoas com risco de virem a ter doenças respiratórias (ex.: alterações genéticas).

Pletismografia ou Mecânica Ventilatória
A Mecânica Ventilatória (ou Pletismografia Corporal Total + Espirometria) é um exame que avalia o volume de ar não mobilizável pelos pulmões e a resistências das vias aéreas. É, muitas vezes, realizado em complemento com a Espirometria de modo a que se possa obter uma avaliação mais detalhada da função respiratória.
Este exame é realizado numa cabine com porta fechada, onde o paciente respira através de um bocal e com uma mola nasal, realizando diversas manobras respiratórias.

Provas de Broncomotricidade

Broncoconstrição com Metacolina

A Prova de Broncoconstrição (com metacolina) é um exame realizado em conjunto com uma Espirometria ou, caso haja pedido médico, com uma Pletismografia / Mecânica Ventilatória. O objetivo é observar o comportamento das vias aéreas após a inalação de um medicamento broncoconstritor, ou seja, que vai tentar dificultar a respiração, simulando uma situação pedida pelo médico.
Após a realização da Espirometria (ou de uma Pletismografia / Mecânica Ventilatória), é dado um medicamento (metacolina), por via inalada, que irá simular uma crise respiratória. São realizadas espirometrias sequenciais para entender como as vias aéreas se comportam metacolina e no fim  o paciente realiza uma Prova de Broncodilatação para regressar aos valores base da sua função respiratória. Este exame pode ser prescrito para o despiste de Asma ou para confirmação de Hiperreatividade Brônquica.

Broncodilatação

A Prova de Broncodilatação é o “inverso” da Broncoconstrição. É realizado em conjunto com uma Espirometria (ou com uma Pletismografia / Mecânica Ventilatória) e tem como objetivo estudar o comportamento das vias aéreas após a inalação de um medicamento broncodilatador (bomba), ou seja, que “facilita” a respiração.
Após a realização da espirometria, é dado um um broncodilatador (bomba), por via inalatória, e mede-se novamente os valores em Espirometria minutos após a inalação do medicamento
Este exame pode ser prescrito para o despiste de Asma, DPOC, avaliação de eficácia da terapêutica inalatória, ou para despiste de qualquer patologia que apresente sinais de obstrução das vias aéreas.

Capacidade de difusão de CO
A capacidade de Difusão do CO (monóxido de carbono) é realizado para verificar como os pulmões efetuam a transferência de gases respiratórios.
O paciente realiza uma série de movimentos respiratórios, durante curtos espaços de tempo, enquanto que se aplica na cabina uma mistura de gases. É um
exame que pode ajudar no diagnóstico de patologias como a DPOC, suspeitas de apneia de sono, verificação de sequelas pós-COVID-19, mas também no complemento de diagnóstico de algumas  patologias cardíacas e doenças que tenham como característica a alteração de gases no sangue (ex.: anemia e talassemia)
 
Compliance Pulmonar
O Compliance Pulmonar (ou Distensibilidade Pulmonar), é um campo da Pneumologia que estuda os movimentos da respiração, com a ajuda dos músculos e dos nervos. Ou seja avalia a força da extensão e distensão dos pulmões. Na Cintramédica este exame compreende a avaliação da pressão dos músculos inspiratórios (PIM), expiratórios (PEM) e o estímulo nervoso da respiração (P0.1), mediante a utilização de uma válvula de oclusão.
O utente senta-se numa cabine, sendo pedidos pelo Técnico de Cardiopneumologia alguns movimentos respiratórios contra uma válvula fechada, de modo a medir a pressão exercida pelos músculos pulmonares.
A Compliance Pulmonar está especialmente indicada para auxiliar o diagnóstico ou avaliação de esclerose lateral amiotrófica, miastenia grave, paralisias, e outras patologias neuromusculares.
 
Provas de Função Respiratória: preparação e recomendações
No dia do exame é recomendado que o paciente compareça com roupas largas, confortáveis, que não restrinjam a capacidade de expansão do peito ou da barriga.
Por outro lado, se for fumador, deve abster-se de fumar pelo menos 1 hora antes de qualquer deste tipo de exames. De igual modo, e uma vez que vai ser avaliada a sua função respiratória, não é recomendado que realize exercício físico intenso pelo menos até 1 hora antes do exame. Poderá ser-lhe pedido que não faça a medicação de forma habitual e não deverá realizar o exame se estiver com uma infeção respiratória. No entanto, deve seguir as recomendações do seu médico e da equipa de Cardiopneumologia relativamente à medicação que está a tomar, dependendo do exame que irá realizar.
 

Artigo revisto por

Inês Peres Claro

Pneumologista