Infeções Sexualmente Transmissíveis: quais são, como surgem e quais os sintomas?

data de atualização12 Julho 2023 artigo revisto por
Carlos Aguiar Veríssimo  |  Ginecologista

As infeções sexualmente transmissíveis (IST), anteriormente designadas por doenças sexualmente transmissíveis (DST), são doenças contagiosas cuja forma mais frequente de transmissão é através das relações sexuais.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as IST encontram-se entre as causas mais comuns de doença no mundo e têm, em muitos países, vastas consequências de natureza sanitária, social e económica.
Todas as pessoas com uma vida sexual ativa e que praticam sexo de forma desprotegida, com múltiplos parceiros sexuais, devem estar conscientes do risco.
 

1 milhão de IST por dia que podem ser curadas

De acordo com a OMS, calcula-se que no mundo, todos os dias, sejam adquiridas cerca de um milhão de IST em pessoas entre os 15 e os 49 anos cuja cura é possível. Esta estatística equivale a mais de 376 milhões de novos casos anuais de quatro infeções – clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis.
Em Portugal, o Inquérito Serológico Nacional 2015-2016 aponta para dados relativamente a quatro IST:

  • Clamídia: 2,7% de prevalência
  • Sífilis: entre 0,1% (18-25 anos) e 4,2% (mais de 56 anos) de prevalência
  • VIH: 0,1% de prevalência
  • Hepatite C: 0,3% de prevalência

No nosso país, os dados sobre as causas e prevalência das IST são ainda muito limitados. Para isso contribui o facto da maioria das IST não apresentar sintomas, levando a que os indivíduos desconheçam que estão infetados e que transmitam as IST a outras pessoas. Nos jovens, as IST podem ter consequências na saúde reprodutiva, como a infertilidade e patologias no recém-nascido.
 

Principais infeções sexualmente transmissíveis

Aqui apresentamos algumas das principais IST, assim como algumas análises de despiste disponíveis no Laboratório de Análises Clínicas Cintramédica e no Laboratório de Anatomia Patológica da Cintramédica.


VIH (SIDA)

O Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) encontra-se principalmente no sangue, no sémen e nos fluidos vaginais das pessoas infetadas. A transmissão do vírus ocorre quando os fluídos corporais entram diretamente em contacto com o corpo de outra pessoa, seja por via sexual ou sanguínea. Comportamentos sociais como abraçar, beijar, apertar a mão ou beber pelo mesmo copo de uma pessoa infetada não constituem risco de transmissão.
Como despiste do VIH pode ser prescrito a pesquisa de anticorpos anti-VIH e antigénio p24 (teste de quarta geração).


PAPILOMAVÍRUS HUMANO - HPV

O Vírus do Papiloma Humano (HPV) é um vírus que pode ser transmitido durante o ato sexual ou através do contacto íntimo da pele entre pessoas. Existem vários tipos de HPV que provocam diferentes sintomas. Alguns tipos podem infetar a área anogenital e outros infetam áreas como os pés ou as mãos. A ação do vírus sobre as células do corpo humano pode provocar tumores benignos como verrugas, "cravos" ou lesões na boca. Outros tipos de vírus HPV podem provocar lesões que, quando não tratadas, podem evoluir para tumores malignos, como por exemplo o cancro do colo do útero ou do ânus.
Quanto a testes é recomendado a citologia ao colo do útero (consulte o seu médico para definir a frequência), à qual se pode acoplar a pesquisa direta do vírus. Também pode ser feita uma pesquisa direta do vírus noutros exames de Anatomia Patológica quando existem lesões suspeitas.


CLAMÍDIA

A Chlamydia trachomatis é uma infeção bacteriana que se transmite por via sexual e também de mãe para filho. Pode afetar o pénis, a vagina, o colo do útero, a uretra, a garganta ou os olhos.
Relativamente à pesquisa laboratorial, é direta nas secreções vaginal, ureteral, anal e na urina, sendo a deteção desta bactéria efetuada por Biologia Molecular (PCR).


GONORREIA OU BLENORRAGIA

A Neisseria gonorrhoeae provoca uretrites e vaginites, ou seja infeções que podem afetar os órgãos sexuais masculinos e femininos e, ocasionalmente, a garganta. Os sintomas são mais óbvios no homem. Apesar de poder ser transmitida de mãe para filho durante o parto, a sua principal via de transmissão é a sexual.
O despiste consiste na pesquisa direta por Biologia Molecular (PCR) ou por métodos culturais (observar o crescimento da bactéria in vitro).


HEPATITE B (VHB)

A Hepatite B é provocada por um vírus muito contagioso que ataca o fígado e pode causar doença aguda ou crónica. As principais vias de transmissão são o contacto com sangue infetado e as relações sexuais desprotegidas.
O despiste é realizado por marcadores serológicos (anticorpos no sangue).


HEPATITE C (VHC)

A Hepatite C é provocada por um vírus muito contagioso que compromete o fígado e pode causar doença aguda ou crónica. As principais vias de transmissão são o contacto com sangue infetado e as relações sexuais desprotegidas, embora via sexual seja menos comum do que a Hepatite B.
O despiste, tal como na Hepatite B, é realizada por marcadores serológicos (anticorpos no sangue).


SÍFILIS

É uma infeção causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, que pode aparecer nos orgãos genitais, uretra, ânus, lábios e boca. Na maioria dos casos é assintomática, ou seja, não tem sintomas visíveis durante algum tempo, o que dificulta o seu diagnóstico e o tratamento adequado.
O despiste é igualmente realizado por marcadores serológicos (anticorpos no sangue).


HERPES GENITAL

O Herpes pode ser provocado por dois tipos de vírus: o Herpes simplex do tipo 1, que causa lesões maioritariamente na mucosa oral, e o Herpes simplex do tipo 2, que provoca predominantemente lesões nos órgãos genitais e no ânus. O diagnóstico é habitualmente clínico (inspeção das lesões).
Para completar a observação médica existem marcadores serológicos (anticorpos no sangue) e métodos de Biologia Molecular (PCR) a partir de uma colheita das lesões suspeitas.


TRICOMONÍASE

É uma infeção causada pelo parasita Trichomonas vaginalis e transmite-se pelo contacto sexual. A pessoa pode estar infetada e não apresentar sintomas, embora seja frequente a alteração do corrimento vaginal.
A pesquisa é direta, a partir de colheita dos exsudados vaginais e uretrais. 
 

Quais os sinais e sintomas?

Embora algumas infeções não apresentem sintomas durante algum tempo, existem sinais que podem alertar para a existência de uma IST:

  • Corrimento vaginal anormal, frequentemente com odor desagradável ou corrimento uretral
  • Ardor genital
  • Presença de vermelhidão, manchas brancas, bolhas, verrugas, vesículas ou úlceras nos órgãos genitais, no ânus ou na boca
  • Alteração de textura e/ou de cor nas unhas e/ou na pele ao seu redor
  • Dor ou sensação de queimadura ao urinar
  • Dores difusas no baixo ventre
  • Sensação de dor ou queimadura durante as relações sexuais
Existem infeções que provocam sintomas mais exuberantes apenas no homem e outros na mulher. É importante a avaliação em consulta para decisão do tratamento do paciente e parceiro(s) sexual(ais). No caso do homem, é também recomendado que procure uma consulta de Andrologia (Consulta do Homem).
 
Principais métodos de prevenção
  • Use o preservativo
  • Evite comportamentos sexuais de risco
  • Sempre que sentir um incómodo ou observar lesões na zona genital procure a ajuda de um médico
  • Quando diagnosticada uma IST informe as pessoas com quem teve sexo nos últimos tempos

Artigo revisto por

Carlos Aguiar Veríssimo

Ginecologista