O que é a Esclerose Múltipla?

data de atualização04 Dezembro 2023 artigo revisto por
Joana Bonifácio Vítor  |  Neurologista

A Esclerose Múltipla é uma doença crónica, autoimune, inflamatória e degenerativa que afeta o Sistema Nervoso Central.
Esta patologia destrói a mielina, o que impede uma adequada comunicação entre o cérebro e o resto do corpo. Por outro lado, o processo inflamatório provoca lesões nas próprias células nervosas, o que pode levar a uma perda permanente de diversas funções, dependendo das zonas afetadas.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, estima-se que cerca de 1.8 milhões de pessoas tenham Esclerose Múltipla a nível mundial. Em Portugal, o número de doentes atingidos ascende aos 8 mil. Contudo, e de acordo com um estudo realizado no nosso país, infelizmente dois terços dos portugueses não sabem o que é a Esclerose Múltipla.
Esta doença é mais comum no adulto jovem, e surge habitualmente na terceira década de vida, com o dobro da frequência no sexo feminino. Na maioria dos casos é diagnosticada entre os 20 e os 50 anos, embora possa afetar pessoas com todas as idades.
 

O que causa a Esclerose Múltipla?

A causa exacta ainda é desconhecida. No entanto, admite-se que existem diversos factores de natureza genética, imunológica, viral, ambiental (dieta, toxinas industriais presentes no solo ou na água), níveis reduzidos de vitamina D, alergias, trauma físico, entre outros aspetos que podem contribuir para o seu surgimento.
 

Quais são os sintomas da Esclerose Múltipla?

Os sintomas da Esclerose Múltipla são variáveis, imprevisíveis e dependem das áreas do Sistema Nervoso Central que são afetadas. Não existe um padrão definido para a Esclerose Múltipla. Todas as pessoas têm um conjunto diferente de sintomas, variáveis ao longo do tempo, e de gravidade e duração diversas, mesmo na mesma pessoa.

Os sintomas e sinais referidos na lista em baixo não são específicos e estão presentes noutras situações clínicas também.

A Esclerose Múltipla pode-se manifestar através de:

  • Fadiga
  • Alterações na marcha, sensação de rigidez, espasmos musculares e fraqueza
  • Dormência, perda de sensibilidade ou formigueiros
  • Problemas de visão e tonturas
  • Problemas e disfunção de bexiga
  • Disfunção sexual
  • Alterações intestinais
  • Dor
  • Dificuldades cognitivas
  • Alterações emocionais e depressão
  • Alterações na fala e na deglutição
  • Tremor
  • Convulsões
  • Problemas respiratórios
  • Perda de audição

Como é feito o diagnóstico?

Não existe nenhum teste laboratorial que seja específico para a doença e, como regra, é a ressonância magnética de crânio e medula que permitem confirmar o diagnóstico. Alguns outros exames complementares como a punção lombar e os potenciais evocados, também poderão revelar-se úteis.


Terapêutica e Reabilitação

Apesar de ainda não existir cura para a Esclerose Múltipla, muito se alterou ao longo dos últimos 30 anos. Hoje em dia existe uma panóplia de fármacos eficazes na contenção da doença, evitando e espaçando os episódios de surto-remissão.
Para muitas pessoas com Esclerose Múltipla, a terapia farmacológica, por si só, não é capaz de tratar sintomas particulares de forma adequada, ou, em alguns casos, a progressão da doença. É essencial existir também um plano de tratamentos em Medicina Física e Reabilitação. O objetivo da Reabilitação é melhorar e manter a função e a autonomia.

Artigo revisto por

Joana Bonifácio Vítor

Neurologista