Entrevista Dr. Carlos Marques
'40 anos em constante evolução'

data de publicação25 Julho 2022

Em 1982 nascia na cave de um prédio, em Sintra, o primeiro laboratório privado do concelho. Fundado pelo Dr. Carlos Marques e pela esposa, a Profª Doutora Cristina Marques, esse laboratório deu origem a um projeto familiar que é hoje uma referência. O Dr. Carlos Marques conta-nos a história da Cintramédica, desde os primeiros tempos até aos dias de hoje, revelando o ADN de uma empresa que foi sempre crescendo à medida da confiança dos seus clientes.

 

Como começou a Cintramédica?

A primeira clínica Cintramédica foi inaugurada em 2004, mas a nossa história começa em 1982. Eu e a minha mulher, na altura com 26 e 24 anos, respetivamente, após um estágio profissional no Laboratório de Análises Clínicas do então Hospital de Cascais, sentíamo-nos aptos a iniciar a nossa atividade profissional. Com a colaboração de uma colega mais experiente, criámos o primeiro laboratório privado de Análises Clínicas da vila de Sintra. A qualidade e empenho colocados neste novo desafio mereceu a confiança de prestigiados médicos desta região, como o Dr. Simplício dos Santos, o Dr. Silva Carvalho, o Dr. Américo dos Santos, ou o Dr. Serra de Matos, só para referir alguns nomes.

 

Como foram os primeiros tempos?

Foram muito difíceis. Éramos só nós e fazíamos um pouco de tudo. Naquele tempo o material era todo em vidro, o que quer dizer que a preparação era complicadíssima, uma vez que estávamos sujeitos a muitas interferências na realização dos parâmetros analíticos. Depois contratámos os primeiros colaboradores para nos ajudarem na preparação das instalações e do material. Formámos os primeiros técnicos de Análises Clínicas, alguns dos quais ainda hoje estão connosco. O laboratório começou por se chamar Labomarques (o nome veio de Laboratório dos Marques). Recordo-me que tivemos sempre pacientes. Nunca nos faltou trabalho.

 

Qual foi a evolução da empresa ao longo dos anos?

As Análises Clínicas pertencem à área dos exames complementares de diagnóstico, nos quais se inclui também, por exemplo, os exames de Radiologia e Cardiologia. Logo no início percebemos o desconforto que as pessoas sentiam por ter de se deslocar a locais diferentes para realizar os referidos exames. Foi aí que nasceu a ideia de “a saúde num só lugar”, que foi o primeiro lema da Cintramédica. Demorámos mais de 20 anos a realizar esse sonho de reunir, num mesmo espaço, as Análises Clínicas, a Radiologia e a Cardiologia. Essa evolução foi sempre muito cautelosa, muito bem pensada, e não o poderíamos ter feito sem a ajuda de toda a comunidade que acreditou em nós.

 

Hoje em dia, a Cintramédica tem várias clínicas e postos de colheitas, localizados em cinco concelhos. Como ocorreu a expansão?

A expansão deu-se sempre de forma muito faseada e adaptada às nossas possibilidades económicas. A Cintramédica é um projeto familiar, sem investidores externos, que começou de uma forma modesta, mas que se foi enraizando e crescendo. Sempre soubemos que só poderíamos vingar pela qualidade, e desde o início que apostamos em tecnologia de ponta para nos diferenciarmos. Com o passar dos anos, fomos conquistando a confiança das pessoas, dos doentes, e o tal sonho de um espaço com Análises Clínicas, Radiologia e exames de Cardiologia “num só lugar”, tornou-se real. No ano de 2000 identificámos um terreno onde poderíamos concretizar o nosso sonho. Após a aprovação do projeto pela Câmara Municipal de Sintra, conseguimos edificar a clínica Cintramédica na Portela de Sintra, que inaugurámos em 2004, com um Laboratório de Análises, um consultório de Radiologia, e consultas de Cardiologia, de Ginecologia, Oftalmologia, Pediatria, entre outras. Tudo isto num espaço que parecia demasiado grande. Todavia, de um dia para o outro, este espaço tornou-se insuficiente para dar resposta às inúmeras solicitações de exames e consultas que os sintrenses precisavam de fazer. Há dez anos ampliámos o edifício para o espaço da clínica que existe atualmente na Portela de Sintra. Duplicámos assim o espaço! Expandimo-nos também com Unidades de Colheitas do Laboratório noutras localidades do nosso concelho, mas também nos concelhos limítrofes. Posteriormente nasceram as clínicas Cintramédica Ericeira, Cintramédica Cacém, Cintramédica Mem Martins, Cintramédica S. João do Estoril e Cintramédica Mafra. Passámos assim de “a saúde num só lugar” para a “saúde próxima de si”.

 

A Cintramédica é uma empresa de gestão familiar. Pode-se dizer que tem crescido com a sua família? Como tem ocorrido esse processo?

No início, eu e a minha mulher éramos muito centralizadores de toda a gestão, porque toda a vida fomos nós a tomar as decisões. Depois, com o crescimento e envolvimento dos nossos filhos no projeto, fomos confrontados com visões diferentes, mais atualizadas, e novos e diferentes modos de ver e sentir a empresa. A Cintramédica beneficiou imenso com estes novos profissionais, que trouxeram uma revitalização de grande qualidade à empresa. Aprendemos a aceitar propostas novas e a abrir os horizontes em termos de gestão. Hoje estamos muito contentes, satisfeitos e agradecidos pela persistência e conhecimento trazido por eles.

 

Em março de 2020 começaram a aparecer os primeiros casos de COVID-19 em Portugal. Como é que a Cintramédica se adaptou à necessidade de testagem em massa?

Na altura, poucos laboratórios privados tinham um Departamento de Biologia Molecular para realizar testes com a tecnologia de PCR. A principal razão para esta limitação era, não só o facto de existirem poucos pedidos destas técnicas de diagnóstico na rotina laboratorial privada, como também o elevadíssimo investimento financeiro que é exigido para montar um departamento desta natureza. No início da pandemia, as análises de rotina e os outros exames de diagnóstico “desapareceram”. Era tudo COVID-19! Mediante a autorização da Direção-Geral da Saúde, e após termos construído na Cintramédica o único laboratório de Biologia Molecular para despiste da COVID-19 do concelho de Sintra, iniciámos uma nova fase no diagnóstico laboratorial. No início demorava-se quase uma semana para se obter um resultado. Dos 100 testes por dia, rapidamente passámos para mais de 1000 ou 2000, e a tecnologia permitiu a obtenção de resultados num período de tempo inferior a 24 horas.

 

Nunca pensou vir a assistir a uma pandemia como esta?

Nunca pensámos. Trabalhámos muito, dia e noite, para que as pessoas tivessem os resultados atempadamente. Agora temos tudo automatizado. Os kits são mais rápidos, a tecnologia é diferente. Se for necessário e urgente, temos a capacidade de dar um resultado de um PCR em três ou quatro horas.

 

Mas há mais vida além da COVID-19…

Claro que há! Durante a pandemia investimos na área da Cardiologia, e passámos a ser a clínica do concelho que mais exames realiza neste âmbito. Mas temos de referir que tivemos sempre os serviços médicos a trabalhar. Mantivemos todas as clínicas abertas e aumentámos a capacidade de atendimento noutras áreas como, por exemplo, na Medicina Dentária. Investimos na área da Radiologia com uma nova TAC. Reforçámos também os serviços de Ginecologia, Obstetrícia e Otorrinolaringologia com novos equipamentos. Sem esquecer que demos um grande passo para diminuir a nossa pegada carbónica ao investirmos na eletrificação da nossa frota. Além disso, apostámos também numa melhor comunicação com os nossos clientes através de um investimento em novas tecnologias digitais. Queremos estar sempre prontos para dar uma resposta eficiente a quem nos procura.

 

Como vê a concorrência de alguns Grupos de Saúde que recentemente se têm instalado em Sintra?

Acho que faziam falta porque são muitas as pessoas que vivem no nosso concelho. São grupos com grande poder económico, com uma oferta que nós não temos e com capacidade de internamento. É um setor de intervenção diferente. Nós somos uma clínica de proximidade, enquanto os grandes grupos têm uma visão mais hospitalar, ou seja, completamo-nos. A nossa preocupação é ter uma proximidade real com as pessoas e as pessoas conhecem-nos. Preferimos fazer o que sabemos bem, para continuar a merecer a confiança dos nossos clientes.

 

Quais são os próximos projetos para a Cintramédica?

O mais recente é um novo Centro de Cardiologia, com consultas e exames, a concretizar até ao final deste ano. Será uma clínica focada nesta área da medicina, em Lisboa. Existe uma grande procura deste serviço de saúde mais personalizado, em alternativa aos hospitais dos grandes grupos. Apostaremos na qualidade e tecnologia, tendo sempre presente que o capital humano e a simpatia fazem parte do ADN da Cintramédica.


Entrevista concedida à revista ExKlusiva