A 31 de Dezembro de 2019, a China reportou a existência de casos de pneumonia de etiologia desconhecida, na cidade de Wuhan, tendo como provável origem um mercado de peixe, mariscos vivos, aves e de venda de animais vivos e mortos de diferentes espécies, que foi visitado pelos casos iniciais de doença, onde se incluíam trabalhadores do mercado (Wuhan’s Huanan Seafood Wholesale Market).
A 7 de Janeiro do ano em curso, foi identificado o agente etiológico, um novo coronavírus, designado por 2019nCoV e divulgada a sua sequência genómica. Esta nova estirpe de vírus em humanos pertence a uma família de vírus que causam infeções respiratórias. Este vírus descoberto em 31/12/2019, está relacionado com o coronavírus SARS (SARS-Cov) de 2003, tendo sido designado por SARS-CoV-2. A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 11 de Fevereiro de 2020, passou a designar a doença provocada pelo vírus por COVID-19. O SARS-CoV-2 é o nome pelo qual o vírus é actualmente designado e que origina a doença denominada COVID-19.
Os coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em virtude do seu perfil em microscopia, ser semelhante a uma coroa.
A maioria das pessoas são infetadas com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais suscetíveis a infeções com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infetam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43 e HKU1.
Os tipos de coronavírus conhecidos atualmente são:
Porém, são necessários mais estudos e investigação para caracterizar melhor a sintomatologia da doença.
Estes vírus têm uma transmissão menos intensa que o vírus da gripe, o que sob o ponto de vista epidemiológico, indicia um menor grau de circulação a nível mundial.
A Direção Geral de Saúde (D.G.S.), através da linha Saúde 24, fornece informação sobre o atual surto, dando orientações sobre cuidados básicos para diminuir o risco de contrair ou transmitir infeções respiratórias. Entre estas medidas estão:
Os viajantes que se desloquem para uma área afetada devem:
Os profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução, por meio de equipamento de protecção individual (EPI) de acordo com o nível de cuidados a prestar (bata, máscara, proteção ocular, luvas, ou quando for o caso, touca, proteção de calçado ou mesmo fato de proteção integral).
De acordo com David Powell, consultor médico da Associação Internacional de Transporte Aéreo, há provas muito limitadas sobre a vantagem do uso de máscaras faciais, exceto para as pessoas que estão indispostas e visam proteger as outras em seu redor. Usar sempre uma máscara será ineficaz, sobretudo se a mesma ficar húmida, o que irá facilitar o desenvolvimento de bactérias e vírus.
Já para os viajantes que chegam de Wuhan, há menos de 14 dias e que apresentem sinais e sintomas de infeção respiratória aguda, com febre, tosse e dispneia, sem nenhuma outra causa que explique a sintomatologia, devem usar máscara cirúrgica, se a sua condição clínica o permitir. Quando necessário, o mesmo se aplica aos trabalhadores de empresas de handling, de apoio a navios e demais meios de transporte, ainda que não haja conhecimento de presença de casos suspeitos, ou que realizem inspeção de bagagem acompanhada, situação em que deverão também usar luvas.
Com base nas atuais informações disponíveis a OMS não recomenda restrições de viagens ou de trocas comerciais. Até agora o único país com transmissão local da doença é a China, pelo que se aconselha viajar para aquele país somente em casos de necessidade.
Sempre que possível deverá manter uma distância de 1 metro das restantes pessoas. Além disso, as entidades locais reforçaram as medidas de deteção de casos suspeitos do SARS-CoV-2, de acordo com a definição de caso, com notificação imediata desses casos nos terminais e avisos sonoros com recomendações sobre sinais, sintomas e cuidados básicos.
Igualmente importante é a intensificação dos procedimentos de limpeza e desinfeção, com a utilização de EPI, de acordo com os protocolos.
Até ao presente não existem recomendações internacionais para restrições de viagens ou de trocas comerciais. Não obstante, cerca de 70 companhias aéreas suspenderam os voos para a China. As recomendações aos viajantes visam reduzir a exposição e transmissão da doença, pelo que se aconselha viajar para a China ou para outros países onde eventualmente venham a surgir novos focos, somente em caso de necessidade.
O viajante regressado de um dos locais onde têm sido notificados casos de infeção pelo SARS-CoV-2, que apresente nos 14 dias após o início da viagem, algum dos seguintes sintomas e sem outra etiologia que explique o quadro clínico, ou que tenha tido contacto* com caso confirmado ou provável de infeção pelo SARS-CoV-2, deve ser considerado um caso suspeito.
Os casos suspeitos deverão contactar o sistema de saúde, preferencialmente, por contacto não presencial através do SNS 24 (808 24 24 24) ou através do 112, ou presencialmente num serviço de saúde.
No contacto não presencial são aconselhados a permanecer no domicílio, evitando contacto com outras pessoas e aguardar contacto telefónico, com indicação dos procedimentos a adotar. Se após análise da situação a D.G.S validar a suspeição, aquela entidade ativará o INEM, o INSA e a Autoridade de Saúde Regional, iniciando a investigação epidemiológica e gestão de contactos, através da Autoridade de Saúde Local.
No contacto presencial, o profissional de saúde, deverá fornecer ao doente uma máscara cirúrgica, desde que a sua condição clínica o permita, devendo o mesmo ser encaminhado para uma área de isolamento, de forma a evitar o contacto direto. Os casos descartados laboratorialmente, independente dos sintomas, devem ser retirados do isolamento.
Os coronavírus não sobrevivem por longos períodos em objetos, pelo que a limpeza normal e a limpeza extra no caso de alguém estar infetado é o procedimento correto. As pessoas que recebem encomendas ou cartas da China, não têm risco de ser infetadas pelo novo coronavírus.
“Os vírus e outras bactérias gostam de viver em superfícies vivas como nós”, pelo que apertar a mão a alguém será de longe um risco maior do que tocar numa superfície seca, onde o material biológico está ausente.
Em Portugal, a D.G.S., através de normas de orientação, estabeleceu definições para caso suspeito, caso provável e caso confirmado e definiu os procedimentos a adotar perante um contacto próximo com alto e baixo risco de exposição (contacto casual e acidental) e ainda as medidas de contenção de propagação do vírus, estabeleceu os princípios orientadores sobre isolamento de casos suspeitos, a gestão dos contactos em contexto de unidade de saúde, medidas sobre higienização das mãos, de etiqueta respiratória, equipamento de proteção individual, descontaminação do material e equipamento, controlo ambiental, manuseamento seguro de roupa e recolha segura de resíduos (vidé Normas de Orientação da D.G.S. nºs 002/20 20 de 25/01 e 003/2020 de 30/01/2020).
“No topo da lista está a lavagem frequente das mãos, a higienização das mãos ou ambas.”
Nota: As informações sobre o SARS-CoV-2 estão em constante atualização. Aconselhamos a consulta dos seguintes sites:
* Contato próximo é definido como: estar a aproximadamente dois metros de um paciente com suspeita de caso por SARS-CoV-2, dentro da mesma sala ou área de atendimento (ou aeronaves e outros meios de transporte), por um período prolongado, sem uso de equipamento de proteção individual (EPI). O contacto próximo pode incluir: cuidar, morar, visitar ou compartilhar uma área ou sala de espera de assistência médica ou, ainda, nos casos de contacto direto com fluidos corporais, enquanto não estiver a usar o EPI recomendado.
** A febre pode não estar presente em alguns casos como, por exemplo, em crianças com menos de 5 anos, idosos, imunossuprimidos ou que em algumas situações possam ter tomado antipirético. Nestas situações, a avaliação clínica deve ser levada em consideração e a decisão deve ser registada na ficha de notificação.