Prova de Esforço: o exame que avalia o seu coração em exercício

data de publicação15 Janeiro 2024 autor do artigo
Anai Durazzo  |  Cardiologia

A Prova de Esforço é um exame não invasivo de Cardiologia, que avalia a forma como o coração se comporta quando é forçado a aumentar o seu funcionamento até ao máximo, de modo a satisfazer as necessidades de oxigénio de todo o organismo.

O exame recorre a um ergómetro (como uma passadeira-rolante, por exemplo) no qual o paciente realiza um esforço até ao seu limite ou até que seja sinalizado que o deve interromper.

Este esforço é vigiado por profissionais de saúde que estarão a avaliar permanentemente o estado do coração, incluindo os sintomas que poderão ser desencadeados pelo esforço, através de um eletrocardiograma (medindo a pulsação e arritmias), ao mesmo tempo que avaliam a pressão arterial.

A Prova de Esforço é um exame utilizado para detetar situações cardíacas, muitas delas assintomáticas, passíveis de serem controladas e melhoradas através de intervenção médica, no sentido de permitir ao paciente realizar a sua vida sem limitações significativas.

 

A Prova de Esforço é segura?

A Prova de esforço é segura (risco de eventos graves apenas de 1 em cada 10 mil provas realizadas) desde que se respeitem as normas de segurança:

  • Ser realizada por uma equipa de saúde habilitada, envolvendo técnicos de cardiopneumologia sob a supervisão e responsabilidade de um médico cardiologista, que, nos casos de maior risco, deverá estar presente na sala durante o exame
  • Serem respeitadas as contra-indicações para a realização do exame
  • Ser realizada num ambiente seguro com equipamento de reanimação e desfibrilador disponíveis

 

Preparação, esforço, recuperação!

1. Preparação

Tudo começa pela chamada e admissão na sala do exame. Pergunta-se ao paciente como tem passado nos últimos dias, as razões porque vem realizar a Prova de Esforço e os medicamentos para alguma patologia cardiovascular que esteja a tomar. O exame é explicado e é solicitado o consentimento informado por escrito após o esclarecimento de eventuais dúvidas. Posteriormente, são colocados elétrodos autocolantes na pele do tórax para que o paciente seja ligado ao eletrocardiograma. É colocada também uma braçadeira num dos braços para medir a pressão arterial.

2. Esforço

Quando tudo estiver a postos inicia-se a fase do exercício, segundo um protocolo de esforço pré-determinado e escolhido pela equipa de saúde e de acordo com os dados clínicos fornecidos na fase de preparação. O esforço exigido é progressivamente mais intenso através do aumento da velocidade/inclinação do tapete rolante a cada 2 ou 3 minutos, por exemplo, de acordo com o protocolo de esforço aplicado. O intuito é que o paciente atinja a sua capacidade máxima após cerca de 8 a 12 minutos de exercício.
Durante o esforço a equipa de saúde vai estando atenta ao estado geral do paciente, incluindo a sintomas que este possa referir e ao eletrocardiograma (pulsação e arritmias), medindo periodicamente a pressão arterial no último minuto de cada etapa de esforço e no máximo de esforço.

3. Recuperação

Quando o esforço máximo é atingido, o protocolo é interrompido e o paciente passa a realizar um esforço de baixo nível, caminhando lentamente durante 1 minuto. Posteriormente, o paciente senta-se mais 4 a 5 minutos até que atinja valores semelhantes aos do repouso nos sintomas, pulsação, pressão arterial e no eletrocardiograma. Após o exame, é natural que se sinta cansado. É recomendado que reforce a ingestão de líquidos e que descanse um pouco caso senta necessidade.

 

Quem deve realizar uma Prova de Esforço?

A Prova de Esforço pode ser prescrita por um médico, habitualmente cardiologista, para avaliar:

  • A quantidade máxima de esforço que o paciente consegue realizar
  • A probabilidade da circulação do coração apresentar apertos significativos nas artérias, com base nos eventuais fatores de risco (idade, historial familiar de doença cardíaca, nível de atividade física, tabagismo, excesso de peso e obesidade, diabetes, hipertensão arterial e níveis elevados de colesterol)
  • Sintomas como dor ou desconforto no peito (angina de peito), cansaço fácil, tonturas e náuseas desencadeados pelo exercício
  • Arritmias cardíacas (batimento cardíaco irregular ou regular mas muito lento ou acelerado)
  • A eficácia do tratamento para doença cardíaca ou para controlar a hipertensão arterial
  • Risco na prática de atividade desportiva moderada ou intensa
  • Orientação e cálculo da frequência cardíaca ideal para desenvolver o treino de exercício
  • Risco pré-operatório
     
Quem não pode realizar uma Prova de Esforço?

Nem todas as pessoas podem realizar uma Prova de Esforço. A Prova de Esforço não está indicada para pessoas com problemas cardiovasculares graves cujas patologias possam tornar o exame inseguro. Entre esses problemas incluem-se:

  • Dissecção da aorta não corrigida
  • Endocardite, pericardite ou miocardite (inflamações do músculo cardíaco) ativas
  • Enfarte do miocárdio com menos de 5 dias
  • Estenose sintomática e severa da válvula aórtica
  • Arritmia não controlada
  • Doença aguda mesmo aparentemente benigna

Como se preparar para o exame?

É recomendado que escolha um vestuário largo e confortável e traga sapatilhas de desporto ou sapatos confortáveis. Antes da realização do exame deve fazer apenas uma refeição ligeira, sem bebidas estimulantes (café, chá, coca-cola, entre outras) até uma hora antes, assim como não deve fumar pelo menos até 2 horas antes do início da prova.

Deve trazer consigo a lista de medicamentos que toma habitualmente e informar se existe alguma doença ou situação recente que o impeça de realizar a Prova de Esforço. Antes do exame pergunte ao médico prescritor se deve modificar a medicação habitual antes do teste.

 

Resultados e seguimento

Após a realização da Prova de Esforço o resultado ser-lhe-á entregue no momento. Deve mostrá-lo ao médico que solicitou o exame para que o resultado seja enquadrado de acordo com o seu quadro clínico. Compete apenas ao seu médico explicar-lhe o significado de eventuais alterações detetadas na prova, assim como recomendações para a adoção de medidas de estilo de vida saudáveis (interromper o uso de tabaco, moderar a ingestão de álcool, dieta, exercício ou perda de peso), instituir nova medicação, rever o seu tratamento antigo, ou solicitar novos exames, assim como indicar alguma intervenção.

Autor do artigo

Anai Durazzo

Cardiologia