Intoxicação alimentar ou Toxinfeção alimentar? Saiba como garantir a segurança das refeições no Verão

data de publicação17 Agosto 2022 autor do artigo
Elisabete Rosa  |  Nutricionista
Quando falamos em intoxicação alimentar no Verão, referimo-nos à necessidade de haver uma maior precaução na conservação dos alimentos de modo a diminuir riscos para a saúde. Na verdade, em vez de intoxicação alimentar, e de acordo com a Nutricionista Clínica da Cintramédica Elisabete Rosa, é mais correto falar-se de toxinfeção alimentar neste contexto. Fique a saber o que é a toxinfeção alimentar, como a prevenir e ainda sugestões para um piquenique de Verão delicioso e em segurança.
 
 
Qual a diferença entre toxinfeção e intoxicação alimentar?
O Verão é sinónimo de temperaturas elevadas e, consequentemente, de uma maior preocupação na conservação dos alimentos, de forma a evitar a multiplicação de microrganismos e a possibilidade de ocorrer uma toxinfeção alimentar.
As toxinfeções alimentares são causadas pelo consumo de alimentos contaminados por microrganismos, como as bactérias, fungos, vírus e parasitas, ou pelas respetivas toxinas. Surgem após o consumo de alimentos líquidos ou sólidos contaminados, sendo as crianças, idosos e indivíduos imunodeprimidos os mais vulneráveis.
Já a intoxicação alimentar deriva das toxinas produzidas pelo microorganismo enquanto está no alimento.
 
 
Sintomas de toxinfeção alimentar
As manifestações de uma toxinfeção alimentar podem surgir minutos, horas ou dias após a ingestão do(s) alimento(s) contaminado(s).
Os sintomas dependem do tipo de contaminação e os mais comuns são:
  • Náuseas e vómitos
  • Dores de estômago
  • Cólicas
  • Diarreia
  • Febre
 
Bactérias responsáveis por toxinfeções alimentares
Confira na lista que se segue quais as principais toxinfeções alimentares de origem bacteriana e quais os alimentos mais suscetíveis de contaminação.


Estafilococos: carne, leite, ovos e derivados, assim como carnes processadas, peixe e marisco


E-coli: Água ou alimentos com contaminação fecal (exemplo: carne de vaca e de porco, água não filtrada e em contacto com fezes contaminadas, mexilhão)


Clostridium: carnes insuficientemente curadas ou sem conservantes, conservas caseiras de carnes ou vegetais


Salmonelas: ovos, leite e carne de animais que foram contaminados ao entrar em contacto com as fezes de animais infetados (exemplo: frango, pato, peru)


Listeria: leite, derivados do leite e saladas


Campilobacter: alimentos proteicos crus ou pouco cozinhados (exemplo: carnes como o frango e o coelho)
 
 
Alimentos suscetíveis de toxinfeção vírica
Os vírus mais comuns implicados em doenças de origem alimentar são o astrovírus, o rotavírus e o norovírus. Os alimentos mais associados à ocorrência de contaminação por esta via são as saladas, o marisco (exemplo: ostras) e a água, sendo a gastroenterite aguda a complicação mais frequente.
 
 
Como prevenir?
Um alimento contaminado é muitas vezes difícil de ser identificado apenas pela sua cor, aspeto, cheiro ou sabor. Por isso, o ideal é adotar medidas gerais de prevenção, desde a compra dos alimentos, ao seu transporte, armazenamento e preparação:
  • Verificar os prazos de validade dos alimentos antes de os comprar ou consumir
  • Não consumir alimentos que pareçam deteriorados, com odor, cor ou sabor alterados
  • Rejeitar alimentos em conserva cujas embalagens estejam abauladas
  • Lavar bem as mãos antes das refeições ou antes da preparação das mesmas
  • Preparar e embalar adequadamente os alimentos antes de os guardar no congelador ou no frigorífico
  • Evitar comer carne crua e mal passada
  • Cozinhar bem os ovos (cozidos ou escalfados). Não se esqueça que ovos crus/mal passados são ingredientes de alguns pratos como maionese caseira, Bacalhau à Brás e de certos doces (exemplo: mousse de chocolate)
  • Lavar e higienizar os vegetais, hortaliças e frutas
 
 
Piqueniques de Verão: ingredientes perfeitos
E como Verão também é sinónimo de piqueniques na praia, na piscina ou no campo, ficam aqui algumas sugestões de lanches e snacks nutricionalmente equilibrados e seguros do ponto de vista de higiene e segurança alimentar:
 

Snacks:

  • Palitos de cenoura e pepino
  • Mini tomate cherry ou chucha
  • Mini sanduíche com alface iceberg e queijo
  • Frutos oleaginosos (ex. nozes, avelãs, amêndoas)
  • Mini panquecas de aveia e banana
  • Fruta fresca
  • Tremoços
 

Refeições:

  • Wrap de queijo creme light, atum, milho e tomate
  • Wrap de salmão, tomate e pasta de abacate com queijo creme light
  • Wrap de frango desfiado com alface, couve roxa e cenoura ralada
  • Salada de leguminosas (exemplo: feijão frade, grão, lentilhas) com cuscuz/quinoa e vegetais à escolha
 
Cuidados na preparação
Na preparação do menu que vai para consumir fora de casa, não esquecer as práticas para garantir a segurança alimentar:
  • Lavar os alimentos frescos e transporta-los numa caixa fechada
  • Preferir alimentos que não se alterem com o calor (pão, conservas, frutos oleaginosos, frutas e vegetais frescos previamente lavados e higienizados)
  • Manter os alimentos à sombra
Os alimentos que necessitem de frio devem ser transportados e mantidos em geleiras/malas térmicas, colocando placas de refrigeração que mantenham a temperatura, tendo especial atenção aos alimentos como iogurtes, queijo, frutas como a melancia, melão, meloa, pêssego, cerejas e vegetais.

Autor do artigo

Elisabete Rosa

Nutricionista