Apendicite Aguda: quais os sinais e sintomas?

data de publicação09 Abril 2024 autor do artigo
Laercio Gomes Lourenço  |  Cirurgião Geral

A apendicite resulta de uma inflamação do apêndice, cujo principal sintoma é a dor que, após algumas horas, se localiza do lado direito do abdómen. A apendicite aguda é uma doença que requer tratamento de urgência.
 

Apêndice: para que serve?

O apêndice é uma estrutura oca, de 5 a 14 cm de comprimento, com a forma de um dedo, que se projeta na primeira porção do intestino grosso (cego), localizado do lado direito do abdómen. Quando o apêndice fica inflamado, dá origem a uma doença denominada apendicite aguda. 

O apêndice apresenta grande quantidade de tecido linfóide, principalmente nas crianças. O tecido linfóide é importante para o sistema imunitário que constitui a defesa do nosso organismo contra as infeções. Com a idade, esse tecido linfóide vai diminuindo e sua participação no sistema imunitário praticamente termina.
 

O que é uma apendicite e quais as possíveis complicações?

Várias são as teorias que tentam explicar porque é que a apendicite aguda ocorre. A mais consensual é a obstrução do apêndice devido uma infeção (virose, por exemplo), corpos estranhos (sementes ou pevides, por exemplo), devido à formação e/ou acumulação de matéria fecal, parasitas e até tumores benignos e malignos.
A apendicite é uma doença aguda. Porém, existem raros casos de apendicite crónica cuja progressão e evolução é muito lenta (meses). Normalmente, uma vez estabelecida a apendicite aguda, o processo inflamatório e infeccioso evolui, podendo vir a formar abcessos. Os riscos para o doente aumentam sobretudo se houver uma rutura do apêndice, o que leva a que a infeção se espalhe para o abdómen, provocando uma peritonite. A peritonite é uma complicação grave da apendicite aguda, podendo levar o doente a uma septicemia (bactérias que entram na corrente sanguínea), situação que pode constituir perigo de vida. 
Especial atenção deve ser dada à suspeita de apendicite aguda em mulheres grávidas. Nesta situação específica deve-se proceder ao atendimento médico o mais rápido possível, pois a apendicite aguda na gravidez rapidamente evolui para formas complicadas, acarretando risco grave tanto para a mãe quanto para o bebé.
 

Quais os sintomas e quem pode ser mais afetado?

A dor é a principal característica de uma apendicite aguda que compreende uma série de sinais e sintomas progressivos. A dor começa geralmente na região do estômago, como se fosse uma gastrite, podendo provocar vómitos. Passada algumas horas (em geral 48h), a dor transita para a parte inferior direita do abdómen. Um dos sintomas típicos é o aumento da intensidade da dor quando o doente se movimenta para caminhar ou tossir, por exemplo. A febre pode estar ausente ou ser baixa numa fase inicial. Podem também ocorrer vómitos, perda de apetite, diarreia ou obstipação.
A apendicite aguda pode ocorrer em qualquer idade, mas estatisticamente é mais frequente entre os 10 e os 30 anos e com ligeiro predomínio na população masculina. Nas crianças, é a principal causa de cirurgia abdominal. Observou-se que o número de casos é menos frequente em países com uma dieta rica em fibras (cereais, pão, arroz, massas, vegetais com raiz e fruta). Apesar de ocorrer raramente, ainda persiste o risco de morte derivada da apendicite.
 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é eminentemente clínico e a presença dos sinais e sintomas normalmente são suficientes para confirmar a apendicite. No entanto, nos casos suspeitos ou duvidosos, é necessário fazer análises clínicas ao sangue e urina, assim como exames de imagem (Ecografia, TC-TAC ou Ressonância Magnética). As principais doenças que podem ser confundidas com apendicite aguda são: infeção urinária, cólica renal, infeção intestinal, gastrite, problemas ginecológicos (como quisto do ovário) e até pneumonia. 

O tratamento para a apendicite aguda é a cirurgia para a remoção do apêndice, denominada apendicectomia. Uma vez confirmado o diagnóstico de apendicite, inicia-se a administração de antibióticos analgésicos (para a dor) e antieméticos (para impedir o vómito). A cirurgia deve ser realizada o mais depressa possível. Por outro lado, em alguns casos muito selecionados, é ainda possível tratar a apendicite com antibióticos sem necessidade de recorrer à cirurgia.

Atualmente a cirurgia é realizada através de um método minimamente invasivo denominado laparoscopia, mediante anestesia geral. A laparoscopia é uma excelente opção principalmente nos doentes obesos, pois pode-se operar o apêndice através de pequenos furos (1 ou 2 cm) e retirá-lo com segurança, evitando a contaminação da ferida operatória.
A recuperação após uma operação por laparoscopia é mais rápida e menos dolorosa. Nos doentes jovens, magros e nas fases iniciais, a cirurgia clássica, com um pequeno corte no lado direito, é fazível e segura.

Autor do artigo

Laercio Gomes Lourenço

Cirurgião Geral

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