Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afetar a saúde. Este excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia gasta.
A obesidade é uma doença crónica, é a doença nutricional mais prevalente a nível mundial e considerada a epidemia do século XXI.
As causas da obesidade são multifactoriais, sendo a maioria dos casos de causa exógena (externa). As síndromes genéticas e as doenças endócrinas são responsáveis apenas por 1% da obesidade infantil. Alguns estudos concluem existir 5% a 25% de responsabilidade genética na ocorrência de obesidade, desta forma o risco de obesidade é de 9% quando nenhum dos pais é obeso, 50% quando um dos progenitores é obeso e 80% quando os dois progenitores são obesos.
Contudo, a maior causa de obesidade infantil reside no comportamento alimentar e na falta de exercício físico. A maioria das crianças come muito e mal! Fazem uma alimentação com baixo consumo de fibras (poucos vegetais e fruta), excesso de açúcar (refrigerantes, bolos, doces…), excesso de ingestão de gorduras saturadas (batatas fritas de pacote) e excesso de sal.
A esta alimentação desequilibrada associa-se o sedentarismo e a reduzida prática de exercício físico, a qual pode ser atribuída à diminuição de espaços livres apropriados para atividades ao ar livre, associado a um aumento da insegurança, que favorecem a permanência em casa e ao aparecimento de atividades lúdicas mais sedentárias e acessíveis a uma grande parte da população, entre os quais a Televisão e os jogos eletrónicos. Ainda segundo literatura recente, a televisão reforça o estilo sedentário e promove uma alimentação desequilibrada através da publicidade. Um estudo da DECO realizado em 2004 refere que a categoria dos produtos mais publicitados, durante a programação infantil, é a dos bolos e chocolates, alimentos ricos em açúcar e gordura.
O tratamento implica alterações do estilo de vida a longo prazo. A intervenção terapêutica deve ser precoce, multidisciplinar, adaptada à idade e planeada com objetivos progressivos. As tentativas de modificações radicais dos comportamentos estão condenadas ao insucesso e são fonte de frustração e convidam ao abandono. O envolvimento ativo de todo o núcleo familiar parece essencial para que tenha sucesso a intervenção terapêutica.
As implicações da obesidade a nível psicológico apesar de difíceis de quantificar objetivamente, são extremamente preocupantes. A discriminação social e a falta de auto-estima do jovem obeso podem arrastar estados depressivos graves. As raparigas são mais propensas à morbilidade psicológica e o risco também aumenta com a idade.
As crianças e jovens obesos têm uma menor qualidade de vida: cansam-se com facilidade, têm dificuldade em mexer-se, é difícil comprarem roupa, têm baixa auto-estima, podem ter dificuldades de relacionamento com os seus colegas ou serem descriminadas por estes.
É imprescindível o envolvimento da família e de todos os prestadores de cuidados às crianças e adolescentes na mudança de hábitos e comportamentos. O esforço de modificarmos o outro exige que nós mesmos nos modifiquemos primeiro. Se os pais mantêm hábitos alimentar incorretos os filhos vão copiá-los.