As doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morte prematura entre as mulheres. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença cardiovascular representava, em 2019, cerca de 35% dos óbitos anuais nas mulheres, sendo a principal causa de morte em todo o mundo. De acordo com a Fundação Portuguesa de Cardiologia, todos os anos há cerca de mais 4 mil mulheres a morrerem de doenças cardiovasculares do que os homens, ultrapassando em nove vezes os números de óbitos por cancro da mama.
As principais causas são o enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC). Os sintomas destas patologias são, no caso das mulheres, muitas vezes subvalorizados, apresentando sinais frequentemente diferentes dos observados na população masculina.
Além da prevenção, é extremamente importante reconhecer nas mulheres quais os sintomas que podem provocar o AVC e o enfarte agudo do miocárdio. Concentremo-nos nestas duas patologias, nas diferenças e semelhanças dos sintomas em ambos os sexos e nas estratégias de prevenção que podem, literalmente, salvar milhares de vidas.
Vulgarmente conhecido como ataque cardíaco, ocorre quando há uma obstrução das artérias coronárias, o que provoca uma diminuição do fluxo de sangue ao músculo cardíaco. Uma das principais causas é a aterosclerose, ou seja, a acumulação de colesterol nas artérias.
Enquanto que nos homens a obstrução das artérias ocorre preferencialmente nas artérias de maior calibre, nas mulheres a doença atinge mais frequentemente as pequenas artérias. Este facto talvez explique a razão porque a sintomatologia na mulher pode ser diferente da do homem.
Na população masculina, o enfarte do miocárdio manifesta-se habitualmente de uma forma mais exuberante, com dor no peito (a meio do peito, com uma sensação de peso/aperto), que pode irradiar para o maxilar inferior e para os membros superiores. Nas mulheres, pode provocar sintomas mais inespecíficos como dor epigástrica (estômago), náuseas e vómitos, assim como fadiga extrema.
Estes sintomas, que por vezes se podem confundir com os de outros sistemas do corpo, levam a que o diagnóstico seja tardio, os sinais de alerta desprezados e subvalorizados os sintomas.
Além disso, a partir da menopausa, o risco de enfarte do miocárdio aumenta, o que suporta uma vigilância clínica mais frequente.
São comuns a ambos os sexos. São eles hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado e a obesidade. No entanto, há fatores de risco inerentes à mulher:
A falta de atividade física, o sedentarismo e a dieta inadequada conduzem à obesidade, fator de risco mais preocupante na mulher.
Se a estes fatores de risco juntarmos o tabagismo nas mulheres, o risco de doença cardiovascular aumenta mais 25% comparativamente com os homens fumadores.
Apesar da incidência do enfarte do miocárdio ser muito semelhante entre os dois sexos, na mulher é pior o prognóstico e as complicações graves são mais frequentes, nomeadamente na mulher idosa.
Este é uma patologia mais observada em mulheres do que em homens. O AVC pode ser isquémico, mais frequente, ou hemorrágico. O AVC isquémico representa a morte de tecido cerebral provocado por um bloqueio no fluxo sanguíneo que impede a chegada de sangue e nutrientes ao cérebro. O AVC hemorrágico ocorre quando uma artéria se rompe, provocando uma hemorragia e consequente morte dos tecidos cerebrais.
Nas mulheres, o risco de AVC aumenta durante a gravidez, nas situações de pré-eclâmpsia e eclâmpsia, com a toma de contraceção oral e nas alterações hormonais pós-menopausa.
Nas mulheres que referem enxaqueca com aura, o risco de AVC também é maior.
O AVC tem sintomas específicos que, quando reconhecidos, podem acelerar o encaminhamento para a Via Verde do AVC e assim aumentar a probabilidade de recuperação. Os sintomas mais frequentes, para ambos os sexos, são:
Alimentação saudável, exercício físico e deixar de fumar são os três principais pilares da prevenção das doenças cardíacas em ambos os sexos. Aliás, calcula-se que 80% dos eventos cardíacos possam ser prevenidos.
Assim, ter uma alimentação equilibrada, rica em vegetais e privilegiando o consumo de gorduras não saturadas, como o azeite, em detrimento da gordura saturada presente, por exemplo, na manteiga, são fundamentais para prevenir a aterosclerose e o aumento do colesterol. Por outro lado, a redução do consumo de sal é outro dos princípios fundamentais para o controlo da pressão arterial e para a prevenção da hipertensão.
Deixar de fumar e evitar estar em locais com fumo, evitando assim o fumo passivo, é também essencial para reduzir o risco de doenças cardíacas.
Também a manutenção de uma atividade física adequada a cada fase da vida revela-se muito importante na prevenção da obesidade e do excesso de peso, assim como para manter um funcionamento saudável de toda a função cardíaca.
Com a idade, a probabilidade de doença cardíaca aumenta, pelo que a identificação e tratamento dos fatores de risco devem ser uma prioridade. A realização de análises de rotina (glicemia e colesterol, por exemplo) e monitorização do excesso de peso e da pressão arterial são especialmente recomendados a partir dos 60 anos.
Está também recomendado, a partir dos 65 anos e para ambos os sexos, o rastreio da fibrilhação auricular, condição cardíaca que aumenta o risco de AVC em cinco vezes.
A Unidade de Cardiologia da Cintramédica tem ao seu dispor uma equipa médica extremamente competente e experiente, assim como uma panóplia de exames complementares de diagnóstico que a podem ajudar a encontrar estratégias terapêuticas que lhe permitam manter o seu coração de boa saúde, durante muitos anos.
O Eco-Doppler Transcraniano é um dos exames de diagnóstico mais importantes na avaliar do risco de AVC. Fique a conhecer como é que este exame funciona.