Anticoagulantes: o que são e para que servem?

data de publicação31 janeiro 2019

A Hipocoagulação oral é um tratamento que utiliza anticoagulantes orais para tornar o sangue mais fluido, reduzindo a possibilidade de formação de coágulos. A administração destes fármacos tem como objetivo não só evitar os possíveis coágulos na corrente sanguínea (trombos), como também doenças que estes possam provocar no sistema circulatório, nomeadamente acidente vascular cerebral (tromboses) ou embolia pulmonar.

Os anticoagulantes orais são usados, maioritariamente, nas seguintes patologias:
  • Fibrilhação Auricular
  • Tromboses Venosas Profundas
  • Prótese valvular cardíaca mecânica
  • Doenças das válvulas cardíacas
  • Doenças genéticas, como Sindrome de Leyden
  • Algumas doenças oncológicas
Qual a quantidade de anticoagulante que devo tomar?

A quantidade de anticoagulante a tomar varia de pessoa para pessoa e depende do seu estado clínico. Para que seja possível medir o grau de coagulação do sangue e calcular o INR (Rácio Internacional Normalizado), é necessário que o doente realize análises ao sangue a cada 4-6 semanas. Só depois das análises é possível determinar a dose diária do medicamento.

O controlo periódico de anticoagulação permite ao médico ajustar a dose diária a tomar de forma a manter os níveis terapêuticos seguros. Os medicamentos mais utilizados neste tratamento são o Varfine® (varfarina) e o Sintrom® (acenocumarol).

O doente anticoagulado não deve alterar a dose diária por iniciativa própria, cumprindo exactamente a dose indicada na tabela do registo do hipocoagulado. Esta dose pode variar entre ¼, ½, ¾, 1 ou 2 comprimidos, dependendo dos resultados obtidos. É também aconselhável que a toma do comprimido seja feita todos os dias à mesma hora, de preferência antes do jantar.

Quais os riscos de tomar Anticoagulantes?

Os níveis de coagulação devem ser mantidos dentro de um intervalo indicado pelo seu médico. Valores de INR inferiores ao intervalo terapêutico aumentam o risco de sofrer uma trombose ou embolia, enquanto valores superiores aumentam o risco de hemorragias espontâneas ou pequenos traumatismos. Caso tenha sintomas como dor de cabeça súbita, perda ou alterações súbitas de visão e perda de fala, dirija-se às urgências médicas.

Sempre que se esquecer de tomar a dose diária, não deve alterar a rotina nem tomar a dose esquecida. Continue com a dose diária nos dias seguintes, conforme o plano definido e mencione o facto ao médico.

A ação do anticoagulante pode ser afetada por:
  • Febre, diarreia ou vómitos
  • Bebidas alcoólicas e tabaco
  • Mudança brusca na dieta
  • Fontes de Vitamina K (como uva, kiwi, chá verde e camomila, pão integral, batata, pepino, brócolos, nabo, espinafres, salsa, óleo de soja e de peixe, fígados, leguminosas, alho, açafrão, entre outros)
  • Alguns medicamentos que interferem com o valor do INR como os anti-inflamatórios, o ácido acetilsalicílico (Aspirina), o clopidogrel, antibióticos, alguns medicamentos para o colesterol, medicação anti-arrítmica, anti-epilática, anti-depressiva, tiroxina, anticoncepcionais e algumas vitaminas. Por isso, é importante referir sempre a introdução de novos fármacos quando avaliar o seu INR
  • Stress

Deve ainda evitar exercícios violentos, devido ao risco de hemorragias e situações que podem provocar quedas.

Precauções
  • Se houver uma grande discrepância de valores de INR, faça uma nova medição. Caso o resultado se mantenha, contacte o seu médico
  • Sempre que interrompe um medicamento, pode demorar algum tempo até que o valor do INR estabilize
  • Em caso de hemorragias fortes, hematomas grandes, expetoração, perda de sangue gengival, nasal ou pela urina, fezes escuras ou vómitos com sangue, deve consultar imediatamente o seu médico fazendo-se acompanhar do Registo do Hipocoagulado
  • Consulte o seu médico ginecologista em caso de gravidez ou suspeita da mesma. Deve aconselhar-se sobre o método anticoncepcional mais adequado e informar-se se os anticoagulantes orais não atravessam a placenta, provocando malformações no feto
  • Durante o tratamento deve evitar as injeções intra-musculares, pois podem causar hematomas grandes e por vezes graves


Informações Importantes

  1. Tenha sempre consigo o seu Registo do Hipocoagulado. Deverá mostrá-lo a qualquer médico que eventualmente tenha de consultar. A hipocoagulação oral pode ser reduzida ou suspensa quando for necessária a realização de intervenções médicas ou cirúrgicas em que exista a possibilidade de hemorragia, incluindo no Dentista
  2. Deve acompanhar e monitorizar os efeitos do medicamento, e fazer o registo dos valores de INR, de forma a realizar os ajustes na dosagem se necessário
  3. Deve ainda realizar as análises de controlo na data indicada, de preferência, em jejum
  4. A monitorização regular do INR:
    • Permite alterações mais rápidas da dosagem
    • Pode conduzir a um aumento do período de tempo em que os valores permanecem dentro do intervalo terapêutico
    • Podem ajudar a reduzir possíveis eventos adversos (como hemorragias ou tromboses)
  5. Existem vários medicamentos e produtos naturais que interferem com a medicação hipocoagulante. Sempre que um médico receitar um novo medicamento deverá avisá-lo de que está a tomar um hipocoagulante, de forma a escolher o melhor fármaco para si ou a aumentar a vigilância clínica

 

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Toby Winter
27 janeiro 2024
Pequena correção: fluído → fluido.
João Carlos Oliveira Jesus
28 abril 2021
Bôa noite eu já tomo a ticlopidina 250mg á perto de 30 anos,e já perguntei ao meu cardiologista se podia tomar açafrão ,e ele disse-me que sim,será que ele estava com atenção?Aqui eu li este artigo e fiquei com receio ,o que devo fazer?
Bom dia João Carlos, aconselhamos que veja esta questão junto ao seu médico cardiologista, por conhecer melhor o seu historial clínico.
Silva
28 abril 2021
Olá eu sou cardíaco a faço uso de anticoagulante, usava Varfarina, depois alteraram para rivaroxban e agora estou tomando outro q me falha o nome, a minha pergunta é esses anticoagulantes fortes que eu tomo poderiam alterar algo no meu sistema digestivo? Acontece que eu sempre tive uma diarréia, não passo uma semana que não aconteça.
É tão frequente que arrisco dizer q é mais fácil eu estar que não estar.
Me surgiu então essa dúvida se pode ser causada por conta da medicação.
Obrigado.
Bom dia,
Essas questões devem sempre ser esclarecidas pelo médico especialista que o segue, uma vez que se tratam de informações clínicas.
Obrigado.